05/10/2012

Os braços do projeto OAB Século 21

Em pouco mais de quatro anos, muito tem se falado sobre as melhorias do projeto OAB Século 21 nas sedes e salas da Ordem no estado. Agora, chegou a vez de se conhecer as pessoas por trás desse projeto. No fim de setembro, a equipe de reportagem da TRIBUNA DO ADVOGADO REGIONAL acompanhou um dia da movimentada rotina do grupo responsável pelas obras para saber quem torna possível a existência do projeto, que tem servido de modelo para outras seccionais no Brasil.
 
Após a constatação de que não seria recomendável a contratação de empresas terceirizadas, por conta do custo elevado, a Seccional teve a ideia de utilizar os próprios funcionários na recuperação das salas e sedes. Formado em 2008, o grupo tem marceneiros, pintores, técnicos de informática, motoristas, bombeiros hidráulicos e eletricistas. A medida barateou o custo das reformas e possibilitou que o OAB Século 21 chegasse a todas as subseções do Rio de Janeiro. Os números comprovam o bom resultado: ao todo, o projeto já modernizou mais de 200 espaços no estado e instalou quase 800 computadores.
 
Segundo dados do coordenador do projeto, Carlos Alberto Alves Júnior, o grupo percorre cerca de dois mil quilômetros por semana, reformando, em média, uma sala a cada três dias.

“Somos uma grande família que abraçou a recuperação dos espaços da OAB e não temos medo de trabalho. Se precisarmos ir a Campos e voltar no mesmo dia, nós vamos. É gratificante ver que o que fazemos é reconhecido pelos advogados”, diz ele.

Para o funcionário Altamiro Franklin Nascimento, fazer parte do projeto é “um orgulho”. “Nós damos muito valor ao que fazemos”, afirma. “Não tem dia, não tem hora, nem importa o lugar. O objetivo é fazer o que foi solicitado”, acrescenta ele.

 E nem só de reformas vive o grupo do OAB Século 21. Hoje, a equipe atua oferecendo diversos serviços às subseções. “Fazemos mudança, entrega de material. Também trabalhamos na instalação dos equipamentos dos cursos telepresenciais. Estamos disponíveis para o que for necessário”, explica Altamiro. Atualmente com 16 funcionários, o grupo se desdobra para dar conta da demanda. “Perguntam se somos 50 pessoas”, conta Carlos Alberto, rindo. “Respondo que esse grupo vale por três. Tudo o que fizemos só foi possível porque contamos com profissionais qualificados e que vestem a camisa da Seccional”, completa o coordenador.

 Eles trabalham divididos em três equipes, que visitam subseções diferentes simultaneamente. “Foi o jeito que encontramos para dar conta dessa rotina puxada”, diz ele.
 
Planejamento prévio

Antes de iniciar as obras, a equipe visita o local a ser reformado, acertando os detalhes do que será feito e tirando as medidas para a construção dos móveis. “Levamos em conta as peculiaridades de cada região antes de tratar da logística da reforma. Além disso, cada sala tem seu tamanho e suas necessidades. Sempre conversamos com os presidentes e funcionários das subseções para saber as prioridades”, explica Carlos Alberto.

 No entanto, os funcionários contam que nem sempre é fácil iniciar o trabalho. “Já passamos por muitas situações delicadas. Houve casos em que dirigentes de tribunais não permitiram nossa entrada. Houve salas em que só pudemos trabalhar depois do expediente normal do Fórum, por ordem de juiz. O apoio das diretorias das subseções foi sempre importante para remover esses entraves”, observa Altamiro.

 Nas reformas há a preocupação permanente em não desperdiçar material. Segundo Altamiro, nada do que sobra é jogado fora. “Usamos tudo em outras obras”, diz ele.
 
Tragédia das chuvas

 No início de 2011, os funcionários do projeto enfrentaram um desafio muito distante do canteiro de obras. Alguns deles foram enviados a Nova Friburgo, logo após a tragédia das chuvas, para auxiliar a subseção no trabalho de recuperação da sede, atingida pelo temporal, assim como na assistência às vítimas. “Estávamos realizando uma reforma em Seropédica quando recebemos a ligação solicitando que fôssemos para Friburgo. Chegando lá, nos deparamos com uma situação de calamidade. Ficamos na cidade por quase 20 dias consecutivos”, lembra o motorista Igor Casciano.

 Igor foi o protagonista de um dos momentos mais comoventes enquanto a equipe esteve na cidade. Uma mulher e sua filha estavam presas em casa, ilhadas pela inundação, e pediram socorro no momento em que o veículo da OAB/RJ passava pelo local. Igor conseguiu chegar ao imóvel e resgatou as duas. “Na hora do resgate foi muita comoção. Todo o grupo chorou bastante”, conta ele.

 O trabalho de assistência às vítimas acabou ganhando proporções maiores. Em alguns lugares mais isolados, os funcionários da OAB/RJ chegaram antes mesmo da Defesa Civil para entregar água e alimentos, recolhidos pela Seccional e pela Caarj, que fizeram uma campanha. “Passamos por muitas situações de perigo, mas a vontade de ajudar falava mais alto. Trabalhávamos até 1h da manhã e no dia seguinte, às 6h, todos já estavam de pé”, lembra Carlos Alberto. “Tenho a certeza de que fizemos a diferença na vida de muitas pessoas. Conseguimos fazer coisas que, naquele momento, as autoridades não conseguiam fazer”, comenta Altamiro.

O grupo também atuou limpando escritórios de advocacia que tinham sido alagados na enchente.
 Formam a equipe do projeto OAB Século 21, além de Carlos Alberto, Altamiro e Igor, os funcionários Damião Jardison Machado, Paulo César Rodegheri, Francisco de Assis Pinto, Moisés Menezes, Joel Manoel da Silva, Aluízio Albino da Silva, Gilson Câmara, Teófilo Farias, Paulo Sérgio Araújo, Francisco Rodrigues, Sérgio Hetel, Evilásio Ferreira de Moraes e João Batista Fernandes. O projeto também conta com o apoio dos departamentos de Apoio às Subseções, de Sistemas e Comercial da OAB/RJ e da Superintendência da Caarj.
 
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