19/11/2020 - 14:14 | última atualização em 25/11/2020 - 15:17

COMPARTILHE

'Justiça para os inocentes' conta a história de Danillo Félix, de 25 anos

O jovem foi preso por um crime cometido em 2020 com base apenas no reconhecimento de uma foto sua de 2017

Cássia Bittar

A história de Danillo Félix Vicente de Oliveira é a que você conhecerá desta vez pela campanha ‘Justiça para os inocentes’, iniciativa da OABRJ (por meio da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária), do coletivo 342Artes e da Midia Ninja. A iniciativa, que visa a denunciar a fragilidade do uso de reconhecimento por fotografia como prova única para embasar prisões, lança seu terceiro vídeo nesta quinta-feira, dia 19, em uma semana marcada pelo Dia da Consciência Negra. 

Narrado pela atriz Glória Pires, o filme nos apresenta Danillo, de 25 anos, que foi preso em 2020 após a vítima de um roubo o reconhecer por uma fotografia de 2017. Em seu relato à delegacia, a vítima dizia que foi ameaçada por um “jovem pardo, de cabelo curto e bigode fino”. Duas dessas características não condiziam com as atuais de Danillo que, atualmente, era conhecido pelo uso de dreadlocks. Assim como o bigode fino, o cabelo curto era uma característica sua há três anos, quando publicou fotos em uma rede social que foram usadas para sua identificação para o roubo que aconteceu meses atrás. A outra característica, porém, aparentemente ignorada, o colocou na mesma situação que os outros jovens mostrados nesta campanha: Danillo não é um homem pardo, é negro. 

Na audiência, a vítima não o reconheceu pessoalmente. De toda forma, a foto de 2017 que fez com que Danillo fosse preso injustamente serviu para a abertura de um processo contra ele. Foi preso preventivamente em agosto, mesmo sem antecedentes criminais. 

O racismo estrutural atravessa a vida de muitos jovens assim como Danillo. Mas há tempo por gritar por justiça para muitos deles.  

A campanha '‘Justiça para os inocentes’ também já contou a história de Ramon Carlos de Souza e de Angelo Gustavo Pereira Nobre, e ainda trará o caso de Douglas Peçanha e Silva. O pilar da iniciativa é denunciar o racismo estrutural no Judiciário ao expor que 70% dos acusados injustamente por falhas no reconhecimento fotográfico são negros. 

Abrir WhatsApp