14/08/2024 - 12:22 | última atualização em 14/08/2024 - 15:25

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Participação da OABRJ na Rio Innovation Week foi marcada pela representatividade negra e as iniciativas de combate ao racismo estrutural na instituição

Mariana Reduzino





A OABRJ participou da Rio Innovation Week (RIW) por meio da secretária-adjunta, Mônica Alexandre, na quarta-feira, dia 13, no painel “Juventude Negra Viva: lideranças e desafios atuais”, programação do Palco G20 - Rio Capital do G20. Maior evento de inovação e tecnologia da América Latina, o RIW está realizando, no Píer Mauá, sua 4ª edição entre os dias 13 e 16 de agosto.

Os outros participantes do painel foram a coordenadora-geral de Políticas para Juventude Negra no Ministério de Igualdade Racial, Lorena Dantas, o coordenador de Relações Institucionais da Federação Nacional de Estudantes de Direito (FENED), Rafael Vidal, e o coordenador Nacional de Juventudes do Coletivo de Entidades Negras (CEN Brasil), Iuri Rosario, que mediou a conversa.

A tônica do painel foi mostrar, por diferentes ângulos, as possibilidades de ocupação por pessoas negras e indígenas de espaços que hoje estão fora de alcance e mostrar que a juventude negra tem oportunidades, apesar dos desafios impostos pelo racismo e sociedade atual.


"O tema do painel é extremamente desafiador. O avanço do combate ao racismo e da representatividade existe, mas, ainda hoje, há uma presença muito forte e marcante do preconceito racial no nosso país. Nós, pessoas pretas, somos diariamente atreladas às infinitas variações das violências presentes na sociedade, como, por exemplo, a privação do acesso à cultura, à educação e ao conhecimento e as dificuldades do acesso ao mercado de trabalho”, lamentou Mônica.



A apresentação de Vidal abordou as formas de enfrentamento ao racismo dentro das universidades, com um panorama da história dos negros no Brasil, enfatizando a necessidade de mais ofertas de emprego e de oportunidades para os jovens negros e negras a fim de se atingir a paridade em relação a outras raças. 

Mônica reiterou que a política de cotas é um excelente avanço, mas que ainda há precariedade no acesso à educação para negros. 


“Eu não quero ser uma exceção, precisamos tornar a presença dos negros algo comum dentro das universidades, nos ambientes de trabalho e espaços de poder. Sou a primeira mulher negra a integrar a Diretoria da OABRJ em 93 anos de história. A gestão do presidente Luciano Bandeira abraçou o movimento negro afim de dar o pontapé inicial e  transformar a OAB numa instituição combativa e acolhedora na pauta racial”, declarou a secretaria-adjunta. 



Mônica destacou ainda a política de cotas que reserva 30% das vagas do Conselho da OABRJ para advogados negros e negras, a implantação do Plano de Valorização da Advocacia Negra e Indígena e, a mais recente política afirmativa da entidade, a cota racial nas listas do Quinto Constitucional que a OABRJ elabora.  

Lorena Dantas falou sobre a atuação do governo federal diante da pauta racial, citando o Plano Juventude Negra Viva, coordenado pelo Ministério da Igualdade Racial, que tem como objetivo reunir as principais necessidades da população negra. Essas informações são coletadas por meio de escuta ativa realizada em vários estados do Brasil. A principal vertente é o combate ao racismo estrutural e a oferta de melhores oportunidades para a juventude negra. 

Segundo Lorena Dantas, o Plano Juventude Negra Viva "é o maior pacote de políticas públicas para a juventude negra da História do Brasil”.  

A secretária-adjunta da Seccional destacou o empenho da entidade na inserção de jovens advogados  negros e advogadas negras nas atividades institucionais, destacando a representatividade negra na Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária.

Para Iuri Rosario, o painel destacou que, apesar dos desafios significativos, a juventude negra no Brasil está na linha de frente da luta por justiça social e equidade racial. "Com participantes de diversas áreas, o debate reforçou a necessidade urgente de fortalecer lideranças negras e implementar políticas públicas que atendam verdadeiramente as demandas dessa população. Discutimos as barreiras impostas pelo racismo estrutural e, mais importante, as estratégias para superá-las, com o objetivo de garantir que a juventude negra assuma um papel central na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva".

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