27/05/2021 - 12:13 | última atualização em 28/05/2021 - 19:08

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Observatório da Covid-19 da OABRJ reúne-se com Margareth Dalcolmo

Grupo debateu medidas institucionais da Ordem para o enfrentamento da pandemia

Jornalismo OABRJ


Pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a médica Margareth Dalcolmo – que se tornou referência nacional no combate à pandemia de coronavírus – participou de uma reunião virtual nesta quarta-feira, 26, com integrantes do Observatório de Covid-19 da OABRJ. Além de traçar um panorama da fase atual da doença, a ideia do encontro, classificado como um dos mais importantes já realizados desde que a equipe da Ordem foi criada, foi estabelecer um plano de ação para que a Seccional passe a ser parceira institucional no enfrentamento da doença.

Margareth apontou três frentes em que o apoio da Ordem será fundamental: campanha de incentivo à vacinação, em especial ao retorno dos grupos prioritários para a segunda dose; defesa da inclusão do corpo escolar no plano prioritário de imunização; e desenvolvimento de um plano efetivo para o tratamento das sequelas da doença. O fomento a estas campanhas, para ela, é ponto crucial nesta fase da pandemia.

“A gente precisa sair do campo retórico, precisamos conversar e trabalhar para o apoio de medidas sanitárias concretas. A situação do Estado do Rio de Janeiro é muito grave e, mesmo assim, muita gente não voltou para tomar a segunda dose. Recentemente, estive no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, hoje o maior da rede pública no tratamento da Covid-19. A média de internação permanece muito alta, são 420 leitos e todos estão ocupados. O Rio precisa criar barreiras sanitárias, precisa fazer testagem em massa. E os órgãos institucionais, como a OABRJ, podem ter um papel educacional fundamental na conscientização de que a doença ainda está longe do fim. Cuidados com a higiene, o uso de máscara e a vacina são nossas armas contra este vírus”, reforçou a especialista.

Em sua visita ao Ronaldo Gazolla, a mudança na média de idade dos internados foi outro ponto que chamou a atenção de Margareth. “Pessoas mais jovens e sem comorbidades ocupam hoje a média do perfil dos internados com o estado grave da doença. Precisamos cobrar das autoridades a agilidade no Plano Nacional de Imunização e incentivar que as pessoas compareçam aos postos assim que chegar a sua vez”, disse.

Desde março, o Observatório da Covid-19, em parceira com a Caarj, desenvolve a campanha “Vacina é direito”. Com depoimentos de notáveis na advocacia, a ideia é estimular a adesão da classe ao programa de imunização.

O encontro com Margareth Dalcolmo contou com a participação do diretor de Comunicação da OABRJ, Marcus Vinicius Cordeiro, do ouvidor-geral e do procurador-geral da Seccional, Carlos Henrique Carvalho e Alfredo Hilário, respectivamente, e dos conselheiros seccionais Gabriel Portella e Érica Pereira – todos integrantes do Observatório.

Ao final, o grupo formalizou o compromisso de apresentar ao Conselho Pleno da Seccional uma moção de apoio à Fiocruz, instituição a qual Margareth Dalcolmo faz parte e que esta semana teve sua credibilidade contestada durante depoimento na CPI da Covid, do Senado Federal.

“O ataque à Fiocruz não chega a ser uma novidade. Historicamente a saúde pública é atacada. Há pouco tempo é que alguns setores sociais começaram a dar o devido valor ao SUS, por exemplo. Nossa moção em apoio à Fiocruz será em nome do reconhecimento ao trabalho desta entidade, tão fundamental, desde sempre, e que agora ocupa papel central no combate ao coronavírus”, ponderou Marcus Vinícius Cordeiro, escolhido como procurador do Observatório para apresentar a proposta de moção ao Conselho Seccional. 

Veja abaixo os principais pontos debatidos na reunião:

Tratamento das sequelas ainda é desafio


Cerca de 80% das pessoas infectadas desenvolvem algum tipo de sequela, de acordo com a pesquisadora. Para ela, do ponto de vista médico este ainda é o maior desafio. Mesmo assim, no Rio de Janeiro, apenas a Uerj oferece um serviço gratuito de reabilitação.

“No campo médico e no jurídico, o tratamento desses pacientes é visto como direito da pessoa. Cuidar desses pacientes da forma como eles merecem e oferecer a eles os tratamentos adequados é uma função social. Me alegra poder contar com a OABRJ para emplacar esta campanha”, afirma.

Ouvidor-geral da Ordem, Carlos Henrique Carvalho reafirmou o papel social da entidade. “Nossa missão nunca ficou restrita ao trabalho de um conselho profissional. Temos uma função junto à sociedade de extrema relevância e vamos usar o nome da entidade no enfrentamento desses desafios”, enfatizou.

Vacinação para possibilitar reabertura das escolas


O retorno seguro às aulas, segundo Margareth Dalcolmo, deveria ser prioridade dos governos. Para ela, o impacto de mais um ano letivo paralisado pode gerar consequências graves à formação de crianças e adolescentes, além de afetar significativamente a saúde mental dos cuidadores, sobrecarregados com o acúmulo de funções. “Sem falar nas pessoas que precisaram abandonar seus empregos, porque não tinham com quem deixar seus filhos”, assinalou.

Para este retorno seguro, a pesquisadora aponta a vacina como a única solução: “No Rio de Janeiro já há uma campanha em andamento para profissionais da educação, mas o corpo escolar é composto por funcionários de diversas categorias: merendeiras, porteiros, funcionários da limpeza. A imunização precisa atender a todos”. 

Panorama da doença hoje


A chamada segunda onda ainda não abrandou no Rio de Janeiro, mesmo assim Margareth Dalcolmo assinalou que ainda poderemos sofrer com o seu recrudescimento. A confirmação de um caso de infecção pela variante indiana no estado não é motivo para preocupação, porque, segunda a pesquisadora, a disseminação pela variante P1 está tão alta que pode neutralizar a nova forma do vírus. “Existe sim uma chance de que no Brasil a variante indiana seja paralisada”.

Há em circulação quatro variantes apontadas como preocupantes pelas organizações de saúde, seja pelo seu poder de transmissão ou letalidade. São elas: a da África do Sul, a do Reino Unido, a brasileira e a indiana. Exceto para a variante indiana - identificada há menos tempo e por isso com estudos ainda em andamento - as vacinas já existentes se mostraram eficazes contra as demais

“Mais uma vez passamos pela vacinação como única medida para conferir imunidade duradoura às pessoas”, enfatizou Dalcolmo.

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