03/10/2013 - 15:48

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Comissão da Verdade visita quartel onde funcionava DOI-Codi e reforça campanha por memorial

03/10/2013 - 15:48

Comissão da Verdade visita quartel onde funcionava DOI-Codi e reforça campanha por memorial

Integrantes da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro e das subcomissões da Memória,Verdade e Justiça do Senado e da Câmara dos Deputados visitaram, no dia 23 de setembro, as dependências do antigo DOI-Codi, centro de torturas que funcionava no quartel do 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, durante a ditadura. Além de percorrer o quartel, a comitiva entregou ao comandante da unidade, tenente-coronel Luciano Simões, ofício endereçado ao comando do Exército pedindo esclarecimentos sobre os desaparecidos políticos e sobre a bomba que explodiu na sede da Ordem dos Advogados do Brasil em agosto de 1980.
 
O presidente da Comissão da Verdade do Rio, conselheiro federal Wadih Damous, que também comanda a Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, informou que, durante a visita, foi mencionada a reivindicação – já encaminhada ao Ministério da Defesa – de que o espaço seja transformado em um centro de memória e de cultura. Wadih lembrou que o mesmo já foi feito no antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo e em locais de tortura à época da repressão na Argentina, no Uruguai e no Chile.
 
“O local já está descaracterizado, ao longo dos anos houve obras. Mas o Álvaro Caldas [ex-preso político, integrante do grupo] reconheceu o prédio e algumas salas”, disse Wadih, que considerou a visita histórica. “Pela primeira vez na democracia, uma comitiva de entidades da sociedade civil e parlamentares puderam entrar nas dependências desse local tão macabro. É um exercício de memória. Queremos sensibilizar, sobretudo, as novas gerações de brasileiros, para que saibam o que aconteceu aqui, e isto não se repita jamais”.
 
A comitiva foi formada ainda pelo presidente e pelo vice-presidente da subcomissão do Senado, João Capiberibe (PSB/AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL/AP); pela presidente da subcomissão da Câmara dos Deputados, Luíza Erundina (PSB/SP); pela integrante da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, deputada Jandira Feghali; e por outros três integrantes da Comissão da Verdade do Rio, os advogados Marcello Cerqueira e Nadine Borges, além do jornalista Álvaro Caldas – que foi torturado nas celas do DOI-Codi durante a ditadura e forneceu informações durante a visita. “Não consegui dormir esta noite pela tensão por voltar a este local, que é o pior em que já estive nos meus 72 anos de vida. Há 40 anos fui trazido duas vezes para cá, encapuzado, e fiquei meses preso sem nenhuma comunicação, sendo torturado. Hoje, quando entrei, verifiquei que as estruturas de salas de tortura sofreram pequenas modificações, mas continuam lá”, relatou Caldas. 

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