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03/08/2018 - 20:59
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Uma campanha pela Memória e pela Verdade
Wadih Damous
Estamos lançando a Campanha pela Memória e pela Verdade, em favor da abertura dos arquivos da repressão política na ditadura militar. Da campanha, que também será veiculada pelos meios de comunicação de massa, participarão figuras expressivas da sociedade civil, com quem já estamos em conversação.
A abertura dos arquivos tem, em primeiro lugar, um claro objetivo humanitário.
É direito das famílias dos desaparecidos políticos terem informações sobre o que lhes aconteceu e dar-lhes uma sepultura digna.
Aliás, desde a Antiguidade tal direito é reconhecido. Basta lembrar que uma das mais importantes tragédias gregas, Antígona, de Sófocles (Século V a.C.), se desenvolve em torno do tema.
Mas não só por razões humanitárias a abertura dos arquivos é importante.
Para o avanço da democracia no Brasil, é preciso se lançar luz nas torturas e nos assassinatos políticos cometidos durante a ditadura. Não necessariamente para, 30 anos depois, punir executores e mandantes - embora a tortura seja crime contra a Humanidade e seja importante que a sociedade saiba quem a praticou e por ordens de quem. Mas a abertura dos arquivos servirá para que - conhecedora dos horrores cometidos - sejam criados anticorpos que não permitam a reedição do que ocorreu.
Assim, lutar pela abertura dos arquivos - ao contrário do que afirma o ministro da Defesa, Nelson Jobim - não é olhar para trás. Muito menos, revanchismo.
Em artigo recentemente publicado no jornal O Globo, usei o exemplo de Nelson Mandela, uma das maiores personalidades do Século XX, para abordar a questão.
Mandela ficou encarcerado durante 27 anos pelo regime racista da África do Sul, que o tachava de "terrorista". Na maior parte desse tempo esteve em celas solitárias e em regime de trabalhos forçados. Foi, também, torturado. E, mesmo tendo passado por essa experiência, Mandela teve a grandeza de não permitir que o ressentimento guiasse seus passos.
Mas compreendeu que esconder os horrores do regime racista não ajudaria a consolidar a democracia na África do Sul. Era preciso que a sociedade tomasse conhecimento das iniquidades ocorridas.
Uma vez na Presidência da República, Mandela trabalhou pela reconciliação e pela reconstrução do país. Propôs anistia aos assassinos e torturadores de presos políticos, mas estabeleceu como condição que admitissem seus atos diante dos tribunais. Quem omitisse algum crime poderia ser processado por ele.
O processo chocou a sociedade sul-africana, mas criou nela anticorpos que fazem com que dificilmente tais crimes sejam repetidos.
Isso é saber olhar para a frente.
Para se construir um Estado de Direito sólido, não se pode aceitar que os militares continuem determinando os limites até onde pode ir a democracia no país. Não se pode varrer a sujeira para baixo do tapete.
É preciso conhecer a História, para não repetir erros.
Este é o objetivo da Campanha pela Memória e pela Verdade.
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