04/09/2013 - 15:49

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Duas mulheres geniais e a arte de perder

04/09/2013 - 15:49

Duas mulheres geniais e a arte de perder

Marcelo Moutinho
 
Em que pese a imperdoável imprecisão histórica de omitir os nomes de Affonso Reidy e Burle Marx nas cenas que remontam à construção do Aterro do Flamengo, o filme Flores raras merece a visita pela abordagem delicada da relação entre dois ícones culturais do Século 20: a urbanista brasileira Lota de Macedo Soares e a poeta americana Elizabeth Bishop.
 
Dirigida por Bruno Barreto e baseada no livro Flores raras e banalíssimas, de Carmen L. Oliveira, a obra não descortina apenas o caso de amor entre duas mulheres na virada entre as décadas de 1950 e 1960, mas também a conjuntura social da época, reproduzida com precisão em cenários e figurinos. Em paralelo, destaca o papel de Lota na construção do Parque do Flamengo e mostra como o estranhamento de Bishop com os costumes brasileiros embrenhou-se em sua produção poética, que acabaria premiada com o prestigioso Pulitzer. 
 
Barreto acerta na opção por abrir e fechar o filme com aquele que talvez seja o mais célebre poema de Bishop (One art / A arte de perder, na tradução para o Português) e erra nas metáforas reiterativas, como o barco que afunda no momento crepuscular da trama. O balanço, no entanto, é altamente positivo.

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