07/04/2015 - 17:29

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Escola de Inclusão Digital tem turmas lotadas e atende mais de quatro mil colegas em março

07/04/2015 - 17:29

Escola de Inclusão Digital tem turmas lotadas e atende mais de quatro mil colegas em março

CÁSSIA BITTAR

Mais de quatro mil atendimentos em um mês na nova Central de Peticionamento, quatro edições de sucesso da Oficina de Informática Básica e muitos projetos. Esse é o panorama da recém-inaugurada Escola de Inclusão Digital Haddock Lobo, que funciona desde o dia 26 de fevereiro no oitavo andar do prédio da Seccional e é pioneira no país.

Munido de 70 computadores, laboratório de informática planejado especialmente para os cursos, estúdio para gravação e transmissão das aulas e serviços de digitalização e instalação de programas, o espaço é mais uma conquista de um programa de longo prazo realizado pela Seccional na capacitação dos colegas para a era digital da Justiça.

“Nos últimos anos estivemos trabalhando na preparação dos advogados para o desafio que é o processo eletrônico. Agora que ele já está implantado, aumentamos nossa estrutura com essa escola, um símbolo do nosso projeto. E a alta procura nestes primeiros 30 dias mostra seu sucesso, assim como a contínua necessidade dos colegas desse amparo”, assinala o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz.

Na Central de Peticionamento, que até o final de fevereiro funcionava no térreo da sede da Seccional, a média de atendimentos no primeiro mês foi de 205 colegas por dia. “O serviço mais requisitado é o suporte com o processo eletrônico, mas, com a inevitabilidade da certificação digital, o número de requisições para instalações de programas nos computadores dos advogados vem crescendo bastante”, conta o chefe do Departamento de Peticionamento Eletrônico, Rafael Correa, que é responsável pela escola.

O advogado Walter Pachá, de 62 anos, é um dos que farão uso desse serviço. “Já trabalho com processo eletrônico, mas apenas na Justiça Federal. Agora que é necessário no TJ [Tribunal de Justiça] vim aqui me informar sobre como devo proceder, porque o deles é mais complicado. Agora trarei meu micro para instalarem os programas que preciso usar”, diz.

A diretora de Inclusão Digital da Ordem, Ana Amelia Menna Barreto, reforça que ainda é muito grande o número de pessoas que precisam de ajuda para realizar todo o procedimento: “São muitos os que sabem o Direito, mas não sabem informática e têm medo de mexer no computador. Por isso é tão gratificante ver o advogado chegar aqui e conseguir peticionar eletronicamente pela primeira vez. Ele fica extasiado. Ajudar a proporcionar isso é indescritível”.

Ana Amelia ressalta o programa de educação completo planejado para a escola: “O advogado, já acomodado enquanto espera para ser atendido, vai assistindo a vídeos educativos sobre certificação digital. Antes de entrar, já vai saber o que é PIN, o que é PUK, como renovar o certificado... E, se quiser, ao ir para os computadores, pode ver esses vídeos com os fones. Além disso, estão disponíveis cartilhas, tanto as elaboradas pela OAB/RJ quanto as do Comitê Gestor da Internet no Brasil, que tem estabelecido conosco uma relação de parceria e enviou vários exemplares sobre como funciona a internet e os cuidados que devem ser tomados.”

Oficinas cheias e novos projetos na programação
O novo laboratório, com 24 computadores, telão e projetor, em disposição ideal para a aula, facilitou a execução da já bem sucedida Oficina de informática básica para o processo eletrônico, que teve, nas quatro edições promovidas em março, uma enorme procura. Para suprir a demanda, foram anunciadas duas novas turmas por semana em todo o mês de abril, sendo uma delas voltada para a terceira idade e outra para os demais.

“As turmas para a terceira idade são um carinho especial que temos, pois reúnem os colegas que mais possuem experiência mas que também têm dificuldade maior com o novo modelo, por não terem tido uma aproximação com o meio eletrônico anteriormente. Mas nós queremos esses advogados ativos. Não podemos permitir que a informatização seja um fator de exclusão na sua atividade profissional”, frisa Felipe.

De acordo com a professora Maria Luciana Souza, que é membro da Diretoria de Inclusão Digital, as edições especiais para os idosos têm um ritmo voltado para o melhor entendimento de cada etapa. “Essa aula, para todos os públicos, já funciona como um bê a bá, passando noções iniciais dos programas que serão usados no processo eletrônico. E nas oficinas voltadas para a terceira idade nós trabalhamos mais devagar. Ajuda muito o fato de ser um curso prático, em que estou ali na frente ensinando os comandos, mas dou tempo para eles repetirem e, com o apoio dos funcionários da Ordem, tirarem suas dúvidas individuais”, explica.

Luciana, que já ministrava as edições realizadas nas Casas do Advogado, destaca o conforto da nova estrutura: “Nós já fazíamos esse trabalho com muito sucesso por conta da demanda dos colegas, mas tínhamos que improvisar uma sala de aula nas centrais de peticionamento das casas. Não havia o que temos hoje, uma estrutura efetivamente didática, com os computadores todos na mesma posição, o painel de apresentação e um sistema de som adequado.”

A advogada Neide Sequeira, de 61 anos, participou da aula do dia 19 de março e aprovou. “Não adianta termos aula de informática sem estarmos em frente ao computador, acompanhando o passo a passo. Se não for assim, é como aprender a nadar no seco”, observa.
Agostinho Gomes Bacelo, de 69 anos, reforça: “No processo físico era totalmente diferente. Aqui, com esse suporte, fica mais fácil ir aprendendo a lidar com o novo modelo. O mundo muda e precisamos acompanhá-lo para não ficarmos de fora”.

A estrutura abriu espaço para que a Diretoria de Inclusão Digital pudesse desenvolver projetos pensados durante os anos de trabalho. Entre os próximos a serem aplicados, destaca Ana Amelia, está a série Navegando no sistema, com cursos que simularão um peticionamento nos sistemas do TJ e no Processo Judicial eletrônico da Justiça do Trabalho (PJe-JT). “O Tribunal Regional do Trabalho está desenvolvendo um programa para que a gente possa realizar essa simulação de modo offline, a fim de que não haja o risco de a aula ser interrompida caso o sistema esteja sobrecarregado”, conta a diretora.

Segundo ela, todas as etapas que o advogado percorreria para entrar com uma ação serão reproduzidas no laboratório nos cursos da série: “O colega chegará aqui e irá simular um peticionamento na nossa frente, em ambiente de treinamento. Ele só não irá peticionar de fato, mas todos os passos, tanto para o TJ quanto para a Justiça do Trabalho, serão treinados”.

Ana Amelia prepara também outra série, intitulada Encontros, que conta com palestras sobre questões específicas. Em princípio, ela programa nesse modelo um curso de digitalização e de quebra do arquivo PDF.
“Como se digitaliza um documento? Como fazer para anexar no processo eletrônico respeitando o limite de transmissão imposto pelos tribunais? Para isso, é necessário que o advogado saiba quebrar esse arquivo e uma das formas é utilizando um programa gratuito chamado PDFSam. No encontro, vamos ensinar de forma prática como fazer isso”, salienta.

Ela completa: “Nessa série, receberemos especialistas e empresas para mostrar todas as soluções tecnológicas disponíveis para o exercício da advocacia. Por exemplo: o que é nuvem? Como pode ser feito armazenamento ou backup em servidores físicos ou híbridos? E, em outra edição, queremos também apresentar os programas de gestão de escritório. Não para escolher para o advogado, mas para dar informações sobre as possibilidades digitais para ajudá-lo na administração de seu escritório”.

Pensando em novas parcerias e, futuramente, instalar também uma área de convivência no local, onde os colegas poderiam trocar informações entre si e com os professores e técnicos, Ana Amelia ressalta que as possibilidades para o suporte e preparação dos colegas são muitas: “Com planejamento administrativo e com o expertise da nossa equipe técnica, o céu é o limite”.

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