16/12/2016 - 14:26

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Presidentes discutem crise e propostas para uma reforma política

16/12/2016 - 14:26

Presidentes discutem crise e propostas para uma reforma política

“Vamos supor que vocês encontraram uma pessoa que acordou hoje depois de passar os últimos quatro anos dormindo. Como vocês explicariam todos os eventos excepcionais que aconteceram na política brasileira durante esse tempo?”. Com essa provocação, o cientista político e professor da UFRJ Jairo Nicolau iniciou sua palestra, em 3 de dezembro, no Colégio de Presidentes de Subseção.

Ele classificou o período que o país enfrenta como uma sucessão de pequenos terremotos: “Nunca sabemos quando virá o próximo. Quando um ex-governador, um deputado ou um empresário será preso. Vivemos um período de completa instabilidade política e uma gravíssima crise econômica. A política que era feita até então, e que parecia ter uma certa estabilidade, ruiu e a economia não dá sinais de retomada”.

Segundo Nicolau, as eleições municipais deste ano demonstraram que a relação dos cidadãos com a política chegou ao “fundo do poço”. Para ele, a insatisfação dos brasileiros com seus representantes ficou explícita na alta taxa de votos brancos e nulos nas grandes cidades. 

O fim do financiamento privado de campanhas políticas foi considerado uma vitória pelo cientista político. “Não há como voltarmos para a situação anterior”, disse Nicolau. Ele defendeu a necessidade de se indicar um teto para o valor que o próprio candidato pode investir em sua campanha. “Do jeito em que está, acaba-se incentivando grandes empresários a entrar para a política”, destacou. Outra medida defendida por ele foi a  limitação do valor que cada pessoa física poderia doar, além de formas de fiscalização do cumprimento dessas regras.

“Me preocupa essa total rejeição à política, porque ela não se traduz em um Congresso Nacional de mais qualidade, por mais que seja por isso que a gente torça. Essa insatisfação vai desaguar em um aumento do número de votos em branco e nulos. Com essa formação atual do Congresso, completamente fragmentada, é preciso que os políticos foquem em realizar coisas simples, como aprimorar o financiamento de campanhas e procurar diminuir essa fragmentação”, finalizou.
 

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