26/09/2023 - 16:59 | última atualização em 26/09/2023 - 17:33

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Workshop de capelania advocatícia promove um olhar atento sobre a campanha Setembro Amarelo

Yan Ney



A OABRJ, por meio de sua recém instalada Comissão de Capelania Advocatícia, promoveu, na segunda-feira, dia 25, workshop para destrinchar as funções do capelão. A atividade, segundo o presidente do colegiado, Sidnei Lima, também serve como pré-requisito para potenciais novos membros do grupo. O evento fechou o foco na assistência à classe, como parte da campanha Setembro Amarelo que visa conscientizar sobre a prevenção ao suicídio.

Além de Sidnei, a mesa recebeu a vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basilio, e outros membros do comissão. Entre eles, a vice-presidente, Jéssica Patrão, o coordenador-geral Luciano Barreto Filho, e a integrante e psicóloga Célia Santiago.

“Essa é a primeira Comissão de Capelania Advocatícia no Brasil. É muito importante notar o pioneirismo do Rio de Janeiro, sempre à frente dessas iniciativas”, afirmou Basilio na abertura do encontro, em que também revelou que o colegiado fechou parceria com a Comissão de Mentoria Jurídica da Seccional para levar temas pertinentes no âmbito da capelania às universidades.


“Capelania não é ligada ao religioso”, reforçou Sidnei. Em julho, durante a posse da comissão, ele já tinha corrigido a erronea impressão de que a função do colegiado seria propagar ensinamentos da igreja. A capelania tem por objetivo prestar assistência a advogados e advogadas da Ordem, através de atos de solidariedade e cuidado espiritual. 



No século IV, quando estava de serviço na França, o soldado Martinho de Tours viu um homem tremendo de frio, pegou sua espada e cortou um pedaço de sua capa para cobri-lo. A denominação de capela surge neste contexto, como ‘capa pequena’. O exercício de capelania chegou ao Brasil pelas forças armadas e pela igreja católica. O inciso sétimo, no artigo quinto da Constituição Federal, estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

“Essa comissão tem um trabalho voltado para saúde emocional da advocacia. A classe é composta por pessoas e pessoas têm emoções. Precisam ser tratadas, ouvidas, acolhidas, abraçadas e nas suas mais diferentes fases”, explicou a vice-presidente do grupo, Jéssica Patrão.

Segundo Sidnei, existem 17 tipos de capelania, como social, hospitalar, prisional, familiar, e a advocatícia - que foi foco do workshop. Em sua apresentação, ele elencou alguns pontos para ser um bom capelão, que inclui  a vocação para cuidar de pessoas e ter amor, compaixão, empatia, simpatia e cortesia. 

“Às vezes você entra numa sala de audiência e quando o teu advogado, ou o juiz, vem com uma pedra na mão na primeira oportunidade, você dá um presente para ele e derruba a estrutura do indivíduo. A humildade é bastante importante naquele que quer ser um capelão”, observou Sidnei.

Campanha do Setembro Amarelo

Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, 16 mil casos de suicídio foram registrados em 2022 e seguiram a tendência de crescimento desde 2010, alcançando oito a cada 100 mil habitantes. Entre 2010 e 2019, o aumento no número de registros foi de 43%. A estatística foi levada ao workshop pela psicóloga e integrante da Comissão de Capelania Advocatícia da OABRJ, Célia Santiago.

A convidada fechou o foco do encontro no Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. A campanha surgiu em 1994, após o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometer suicídio em um mustang amarelo, que ele próprio tinha restaurado. Colegas da vítima se uniram para confortar a família e discutiram a tragédia. Foi decidido criar lembranças para nutrir a memória dele e que o amarelo seria usado como alusão ao carro. Em resposta, lhes foi indicado: "se você já está nesse ponto de dor/desespero, peça ajuda"!  Os jovens fizeram anotações e cartões foram feitos com a mensagem para pedir ajuda, se espalhando pelo território estadunidense.


“Quando as pessoas, inclusive crianças, se expressam com frases parecidas com ‘esse tipo de vida não está valendo a pena’, fique atento. É um sinal de que algum problema de saúde mental está a caminho”, alertou a psicóloga.



Célia Santiago citou, ainda, dados referentes à advocacia estadunidense, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, associado a American Bar Association (ABA), que apontam magistrados, promotores, defensores públicos e advogados com 3,6% mais propensão ao suicídio.

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