Wadih comenta pesquisa que derrubou 'mitos' sobre vida nas favelas Da redação da Tribuna do Advogado 23/03/2008 - "Sob o nome 'favela', existem realidades díspares, impossíveis de serem homogeneizadas em uma só 'voz'". A afirmação é do presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, que comentou hoje (23/03) a pesquisa de opinião feita nas favelas do Rio, publicada no jornal O Globo. O levantamento apontou que 60,5% dos moradores das comunidades pobres são contra a legalização das drogas e 47,9% aprovam o uso do "caveirão", o polêmico blindado usado pela polícia. A pesquisa, feita pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social a pedido da Cental Única das Favelas (Cufa), mostrou ainda que os moradores querem uma ação mais firme contra a violência perto de casa. Segundo o presidente da OAB/RJ, é significativo o fato de que 20% dos entrevistados não quiseram falar sobre a atuação do tráfico. "Isso possibilita que os resultados da pesquisa tenham sido 'contaminados' pelo medo que constantemente ronda os moradores das favelas", avalia. Confira abaixo o comentário do presidente na íntegra: A metodologia da pesquisa merece reparos. Talvez, devêssemos falar em "vozes da favela". Sob o nome "favela", existem realidades díspares, impossíveis de serem homogeneizadas em uma só "voz". Como díspares são as atuações do tráfico, da milícia e da polícia em cada uma delas. Por exemplo, as favelas da Zona Sul são tratadas, pela polícia, de maneira diversa das da Zona Norte, como já preconizaram as autoridades policiais. É pouco provável que os moradores do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro apóiem o "caveirão", já que são vítimas dele. O mesmo, talvez, não aconteça numa favela da Zona Oeste dominada pela milícia, onde o caveirão não atua. Significativo, também, é o fato de que 20% dos entrevistados não quisessem falar sobre a atuação do tráfico. Isso possibilita que os resultados da pesquisa tenham sido "contaminados" pelo medo que constantemente ronda os moradores das favelas. O ter "voz" é resultado de cidadania plena, o que não acontece nesses lugares pesquisados, carentes de serviços públicos, onde seus habitantes vivem aterrorizados pela tirania do tráfico e das milícias e pela violência policial. Wadih Damous Presidente da OAB/RJ