28/09/2023 - 18:33 | última atualização em 29/09/2023 - 18:43

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Por uma moda mais inclusiva: Comissão da OABRJ promove lançamento de coleção com peças exclusivas para mulheres acometidas pelo câncer

Biah Santiago



A Comissão de Direito da Moda (CDMD) da OABRJ, em parceria com a grife de moda BlueMan, realizou na manhã desta quinta-feira, dia 28, o lançamento da coleção inclusiva de biquínis e maiôs do Projeto Ana Paula de Paula. É possível assistir ao encontro na íntegra pelo canal da Seccional no YouTube. 

“Este evento tem um sentido totalmente especial, justamente pelo seu cunho social, um dos motores da nossa comissão. É feito em homenagem a Ana Paula, mulher negra, que era profissional da área social, formada em Direito, interessada pelo universo da moda e que trabalhou arduamente mesmo enfrentando um câncer”, contou a presidente da comissão, Deborah Portilho na abertura do evento. 



Também compuseram a mesa do evento a diretora criativa da BlueMan, Sharon Azulay; o membro da Comissão de Direito da Moda da OABRJ, Silvio Roberto; e a CEO da Equal Moda Inclusiva, Silvana Louro.

Sharon relembrou os processos criativos da marca Blue Man, fundada pelo seu pai, o empresário David Azulay, falecido em 2009, e a preocupação social por trás das confecções.

“Meu pai foi o inventor do primeiro biquíni de lacinho do mundo. E a história de mais de 50 anos da BlueMan se conecta com o tema, pois trata de moda, mulher e inclusão”, considerou a diretora-executiva da marca. 


“A mulher ocupa um lugar de força impressionante. Esse projeto une propósitos e mostra o empenho da Ana Paula pela vida. Então, poder proporcionar o uso do biquíni para mulheres que sofrem com o câncer e deixam de sentir-se livres de ir à praia, um lugar tão democrático, é o que faz a diferença para mim, enquanto mulher, e para a empresa”.



Viúvo de Ana Paula, Silvio Roberto narrou a história de vida e superação da advogada, e de seus anseios em tornar o ambiente jurídico um lugar inclusivo e ocupado por pessoas negras.

“Agradeço o apoio da comissão e da empresa por transformar o sonho da minha esposa, Ana Paula, em realidade. Falou sobre doenças comuns em mulheres negras e pretas, e aos 32 anos descobre o câncer, que voltou anos depois. Ela acreditava que somente pela educação e cultura ela conseguiria romper com as diferenças”, disse Silvio.

Os responsáveis pelas exposições do encontro foram os integrantes da Comissão de Direitos da Moda da Seccional, Saulo Calazans e Leonardo Cordeiro, também agente de PI; a modelo e oncoinfluencer, Mônica Alcântara; a estilista da BlueMan, Heloisa Ribeiro; a assistente social do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Vânia Braz; a empresária do Studio Beth Grando, Beth Grando; e a mastologista, membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia e fundadora da Adama, Thereza Cypreste. 

Temas sobre a saúde e a elevação da autoestima da mulher acometida com o câncer foram discutidos no evento. Entre alguns dos assuntos abordados estiveram a necessidade de patentear os designs, por exemplo, as patentes Modelo de Utilidade (MU) - uma nova forma ou disposição de um objeto para uso prático ou parte deste, visando melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação; a criação de peças mais inclusivas, confortáveis e seguras para venda.


“Vestir-se é um ato político e um direito de todos. A moda traz a concessão da autoestima, do conforto e da autonomia a todas as pessoas. Com a moda mais inclusiva, saímos de um lugar comum e vamos para uma abrangência que reverbera em qualidade de vida”, analisou a CEO da Equal Moda Inclusiva, Silvana Louro.



Para a assistente social Vânia Braz, o caráter social da moda se faz presente quando é feita com um olhar democrático e para todos.

“Ter esse olhar para a mulher mastectomizada, que por vezes não é compreendida como uma deficiência, com suas especificidades e nova forma de viver, é importante para ter a moda cumprindo sua função social”, observou Vânia. 

“O momento da aceitação e dessa vivência são fundamentais. Outro ponto relevante é alertar que ainda há muitas mulheres recebendo seus diagnósticos de forma tardia, então precisamos abordar também a questão do acesso mais facilitado à saúde e dar o suporte necessário nesse período difícil”.

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