10/08/2007 - 16:06

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Tiroteio atrasa inauguração de posto da OAB/RJ na Vila Cruzeiro

Tiroteio atrasa inauguração de posto da OAB/RJ na Vila Cruzeiro

 

Do Globo Online

 

10/08/2007 - Uma intensa troca de tiros entre policiais militares do 7º BPM (Alcântara) e traficantes da Vila Cruzeiro, na Penha, na manhã de hoje (10), atrasou a inauguração da 1ª Comissão de Igualdade Cidadã, um posto avançado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro. A cerimônia, marcada para as 11h, foi atrasada por cerca de 40 minutos e ninguém ficou ferido. De acordo com informações da polícia, a troca de tiros começou depois que o carro com PMs do batalhão de Alcântara, que estava indo ao local para reforçar o policiamento na Vila Cruzeiro, errou o caminho e entrou numa rua onde estavam traficantes da Vila do Cruzeiro. O veículo foi então cercado pelos bandidos.

 

Os PMs precisaram se refugiar dentro da casa de uma moradora que teria dito que eles entraram contra a vontade da família, e teriam tentado revidar os tiros, subindo para atirar do andar superior, mas desistiram quando ela começou a passar mal. O caso será encaminhado à Comissão dos Direitos Humanos da Ordem. O presidente da OAB-RJ afirmou que oficiará ao governador Sérgio Cabral, ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e ao comando-geral da Polícia Militar para que se apure, com rigor, por que uma patrulha de São Gonçalo estava em Vila Cruzeiro nesta sexta.

 

- Eu gostaria de saber se na Zona Sul carioca a polícia invadiria um apartamento dessa maneira, adotando a política do pé na porta - comentou o secretário-geral da OAB, Marcos Luiz Souza.

 

Agentes da Força Nacional de Segurança, que ocupam o conjunto de favelas há mais de dois meses , participaram da operação de resgate. Depois do tiroteio, os policiais conseguiram sair e ninguém ficou ferido. - Viemos aqui em missão de paz, para inaugurar um posto de cidadania, e fomos recebidos a bala. Isso é inaceitável. A polícia age na comunidade como na guerra, e como se todos os moradores fossem o inimigo. A OAB diz não a essa prática, a essa política. Não podemos aceitar que a vida dessas pessoas que vivem nas comunidades carentes seja transformada num inferno, num tormento.

 

Estivemos num tiroteio por conta da incursão de um batalhão que não tem nada a ver com o policiamento desse local, e que gerou um enfrentamento que pôs em risco a vida de pessoas. Isso demonstra a ousadia dos bandidos mas também a irresponsabilidade da polícia - disse Wadih Damous, com a mão cheia de projéteis que foram recolhidos em volta da casa onde os policiais se esconderam.

 

O posto da OAB funcionará de segunda a sexta, das 10h às 16h, dentro do Centro Comunitário - Espaço Ibiss, na rua principal de Vila Cruzeiro. Uma advogada prestará assistência em questões de direito de família, do consumidor e trabalhista. Paralelamente, a Ordem vai ingressar com uma ação civil pública para obrigar a empresa de telefonia OI e os Correios a restabelecerem os serviços na região, onde vivem cerca de 120 mil pessoas em 10 comunidades.

 

Desde que a polícia ocupou a área - o confronto com traficantes que já deixou mais de 40 mortos - a Oi, segundo denúncia dos moradores, faz novas instalações de telefones, pelas quais cobra. Mas não realiza manutenção da rede nem consertos, sob a alegação de falta de segurança. Invocando o mesmo motivo, os Correios fecharam as portas, deixando à comunidade, como única alternativa, ir até Ramos, a mais de 10 quilômetros, buscar a correspondência. 

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