13/02/2009 - 16:06

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Em sessão do Conselho Pleno, OAB/RJ presta homenagem a Saboya

Em sessão do Conselho Pleno, OAB/RJ presta homenagem a Saboya


Da redação da Tribuna do Advogado

13/02/2009 - A OAB/RJ dedicou a sessão do Conselho Pleno realizada no último dia 12 ao advogado Paulo Saboya, falecido no último dia 3, aos 69 anos, vítima de câncer. Saboya era presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e do Tribunal de Ética e Disciplina da Seccional (TED), além de ter ocupado o cargo de secretário de Justiça do Estado do Rio de Janeiro durante o Governo Bendita da Silva. No encontro, o presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, acompanhado de diretores e conselheiros da Ordem, e de familiares do advogado, relembrou momentos pessoais e da carreira de Saboya.

Segundo Wadih, Saboya era mais do que um advogado militante, era alguém que estava sempre à frente do combate por melhores condições sociais. "Paulo não se resumia a um advogado, ele era um militante político e social. Sua morte deixa uma lacuna que jamais será preenchida; uma lacuna institucional e, para mim, uma lacuna pessoal. Para quem conviveu com ele, quem travou uma relação de amizade, como a que eu travei, essa falta vai ser carregada para o resto da vida", afirmou, emocionado, o presidente .

Militante do Partido Comunista Brasileiro, Saboya era anistiado da Petrobras, de onde foi demitido em 1964, quando era diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Fábrica de Borracha Sintética, em Duque de Caxias. Dois anos mais tarde, fez parte da luta pelo fim da ditadura militar e pelo restabelecimento da democracia. "A partir desse momento, a OAB se tornou um dos três pontos de resistência à ditadura, ao lado da Associação Brasileira de Imprensa e da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil. Foi naquele momento em que Paulo Saboya se inaugurou na advocacia", lembrou o orador oficial do IAB, Humberto Jansen.

O agora presidente do Instituto, Henrique Maués, também esteve presente e destacou que a postura de Saboya à frente da presidência do IAB será mantida por ele. "Desde a época de sua campanha eleitoral pelo Partido Comunista, em 1986, Paulo Saboya não pensava mais somente no Estado Democrático de Direito. Ele já lutava pelo Estado de Direito Social. A cada dia Paulo tinha um projeto novo, sempre visando a um Estado igualitário, à melhor distribuição de renda e à diminuição das desigualdades sociais, além da ética na advocacia. É essa bandeira, com seus ideais, suas vontades, que pensamos levar a frente".

Sua campanha para deputado estadual também foi comentada pelo presidente do Sindicato dos Advogados, Sérgio Batalha, que trabalhou com Saboya em 1986. "Fiz a campanha dele e o acompanhava sempre. Paulo era um grande advogado e que naquela época teve a generosidade de sair candidato pelo 'velho partidão', fato que com certeza poderia atrapalhar, e de fato atrapalhou, sua carreira. Mas ele tinha essa característica: uma generosidade de se entregar a causas maiores, um compromisso com as pessoas, com o mundo, e isso me encantava muito. Esse Paulo que conheci era irresistível", comentou Batalha.

Além de elaborarem uma carta em homenagem ao advogado, lida pelo conselheiro Ronald Maia, os presente na sessão propuseram que o prédio onde funciona a sede da Ordem, na Av. Marechal Câmara, 150, receba o nome de Paulo Saboya. De acordo com o presidente Wadih Damous, a sugestão deve ser encaminhada à votação na próxima Sessão do Conselho: "Eu, particularmente, adiro a essa mudança e espero aprovação unânime dos conselheiros".

Ao fim do encontro, foi entregue uma placa aos familiares do advogado, com um trecho de um poema de Bertold Brecht: "Quando é abatido o que não lutou só, o inimigo ainda não venceu".

Paulo Saboya era casado com Kivia Maia e deixa duas filhas, Tatiana e Ângela, de seu primeiro casamento com Beatriz Saboya, e cinco netos, Maria Clara, João Pedro, Miguel, Ana e Nina.

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