15/10/2013 - 19:31 | última atualização em 21/10/2013 - 14:57

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Seminário faz balanço dos 25 anos da Constituição Federal

redação da Tribuna do Advogado

Os 25 anos da Constituição Federal foram tema do primeiro painel do seminário realizado pela Comissão de Defensores, Procuradores e Advogados Públicos da OAB/RJ nesta segunda-feira, dia 14. Para o procurador regional da República Daniel Sarmento, que participou do evento, o avanço em relação ao passado foi enorme, mas ainda há problemas graves que a Carta Costitucional não foi capaz de solucionar. O mais grave, na visão dele, é a desigualdade diante da lei que existe no Brasil. “É uma característica que está praticamente na raiz da nossa nacionalidade. Não só a desigualdade econômica, que é pornográfica, mas em suas dimensões mais básicas. Por exemplo, temos inviolabilidade de domicilio no asfalto, mas na favela é o pé na porta, a 'lei do Capitão Nascimento'. E nós do Direito quase ignoramos isso. O que acontece no Brasil do morro é praticamente invisível. É como se as pessoas não tivessem direitos”, criticou. “A situação das empregadas domésticas também simbolizava isso. As pessoas achavam natural que elas não tivessem jornada de trabalho. Não ter jornada é uma característica do trabalho escravo e nós naturalizamos isso. Este é o tecido das nossas relações sociais”, continuou Sarmento. 
 
Outra palestrante, a juíza federal Fernanda Duarte acredita que ao se fazer um balanço desses 25 anos, é preciso se repensar o papel da Constituição na sociedade brasileira. “Em 1988, nossa sociedade se via resgatada. Era como se a Cosntituição fosse o marco zero de uma cidadania que ia ressurgir. Pensávamos em promessas e esperanças, hoje pensamos em perplexidades e em desafios. E devemos pensar, também, no papel que o Direito desempenha neste cenário. Se imaginávamos que a sociedade ia ser salva em 1988 é porque acreditávamos que com o Direito certo, a gente ia dar certo", ponderou. 
 
Como ponto negativo atualmente, a magistrada destaca o que ela chama de “inconstitucionalidade corriqueira”, isto é, o uso frequente por parte de magistrados do argumento de outras leis violam a Carta Constitucional.  “O que percebemos nas decisões de juízes é que a inconstitucionalidade acaba sendo um sinônimo de discórdia, de não concordância. A inconstitucionalidade é banal entre nós, quando ela deveria ser a exceção da regra”, argumentou. 
 
O segundo painel do seminário, sobre o papel da advocacia pública, contou com a participação da defensora pública estadual Elida Seguin e procurador do Estado do Rio de Janeiro Rodrigo Mascarenhas. 
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