11/06/2012 - 16:10

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São Gonçalo terá duas cadeias

jornal O Globo

Às margens do Rio Guaxindiba e a aproximadamente dois quilômetros da Rodovia BR-101, no trecho entre São Gonçalo e Itaboraí, estão em fase final as obras de duas cadeias públicas num raio de 60 mil metros quadrados. Elas vão comportar 1.200 presos (600 em cada) que aguardam julgamento.
 
A primeira, a Unidade B, está prevista para ser inaugurada em meados de agosto. Nesta semana, o governo estadual deve firmar um convênio com o governo federal para a construção de mais quatro casas de custódia nas regiões dos Lagos e Serrana, na Costa Verde e no Sul Fluminense.
 
Responsável pela implantação das cadeias, o coordenador do Programa Delegacia Legal, César Campos, afirma que as novas unidades seguem uma política, anunciada em fevereiro de 2010, que visa a retirar os presos das carceragens das delegacias de polícia. Eles enfrentavam um quadro de superlotação. Uma das piores ficava justamente em São Gonçalo. A Polinter de Neves, fechada em abril, chegou a ter 700 presos, sendo 70 por cela de 18 metros quadrados, submetidos temperaturas superiores a 55 graus.
 
"Além de localização e condições adequadas, seguras e sem superlotação, o aspecto mais importante é que os policiais civis poderão se dedicar exclusivamente às atividades de investigação criminal e atendimento à população”, adianta Campos, ressaltando que as intervenções geraram 300 empregos diretos e 900 indiretos.
 
As casas de custódias terão cerca de quatro mil metros quadrados e celas com capacidade para até seis detentos. As unidades terão áreas para atendimento médico, odontológico, ambulatorial e psicológico, com central de material esterilizado e posto de enfermagem.
 
Foram investidos R$ 26,8 milhões na Unidade A e R$ 23,3 milhões na B. Segundo Campos, a diferença de preço deve-se ao fato de a primeira ter via de acesso construída e urbanização no entorno. Na segunda foi necessária a abertura de uma estrada na Rua Nelson Pena.
 
A construção das cadeias públicas divide opiniões em São Gonçalo. Carlos Alberto de Paula, que preside o conselho municipal de Segurança, é favorável.
 
"Eu acho muito salutar. Muitas vezes, esse preso que é gonçalense ou aqui da Região Metropolitana cometeu delitos não tão graves, mas acaba sendo misturado a criminosos de alta periculosidade do Complexo de Bangu. Isso dificulta muito a ressocialização”, diz de Paula, que também é vice-presidente do conselho da Vara de Execuções Penais do Rio.
 
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Gonçalo, José Luiz Muniz classificou a instalação das casas de custódias na cidade como um triste episódio: "A população não foi ouvida. Isso pode ter impacto nos índices de criminalidade”.
 
O coordenador do Programa Delegacia Legal acha que não existe esse risco: "Não é um presídio, mas uma unidade prisional construída para guarda de presos que não foram a julgamento”.
 
Em fevereiro de 2010, o governo do estado anunciou a construção de sete casas de custódia, além da criação de 3.500 vagas no sistema penitenciário. As duas primeiras foram entregues em Bangu, no ano passado, no Complexo de Gericinó. A última a ser concluída foi em Magé e já foi entregue à secretaria de Administração Penitenciária, para instalação de mobília.
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