10/12/2021 - 16:01 | última atualização em 13/12/2021 - 18:47

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Procurador da Comissão de Direitos Humanos da OABRJ recebe a Medalha Pedro Ernesto na Câmara Municipal do Rio de Janeiro

Rodrigo Mondego foi homenageado em sessão desta sexta-feira, dia 10

Felipe Benjamin

O procurador da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OABRJ, Rodrigo Mondego, foi homenageado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro com a entrega da Medalha Pedro Ernesto, a mais elevada comenda da cidade, nesta sexta-feira, 10, data em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

No início da cerimônia, mensagens de homenagem a Mondego foram exibidas, entre elas a do secretário-geral da OABRJ e presidente da CDHAJ, Álvaro Quintão, e de Ricardo Lodi, reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Entre os presentes, discursaram Vanessa Sales Félix, mãe da jovem Ágatha Vitória, morta durante uma operação policial no Complexo do Alemão, em 2019; Eric Vermelho, líder do campo de refugiados 1º de Maio, em Itaguaí; Mariana Rodrigues, procuradora da CDHAJ da OABRJ ao lado de Mondego; Nadine Borges, vice-presidente da comissão; a vereadora pelo município de Niterói, Walkiria Nichteroy; o ex-presidente da OABRJ, Wadih Damous; Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018; além da vereadora Tainá de Paula, presidente da sessão.

Emocionado, Mondego discursou, agradeceu aos presentes e lembrou o pai, falecido há poucos meses.

"Mesmo discordando, e com uma forma de ver o mundo bastante diferente da minha, ele tinha muito orgulho de mim, e isso me dá uma energia tremenda e sempre incentivou e incentivará a luta que travo diariamente", afirmou o advogado, que também ocupa o cargo de vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos do Rio de Janeiro.

"Agradeço muito ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da OABRJ, Álvaro Quintão, que sempre deu espaço para que nós trabalhássemos, independentemente do cenário. Saúdo também as lideranças e os companheiros da Ordem, que constroem essa entidade tão importante para a democracia e para a sociedade fluminense, e os colegas, nas mais diversas entidades e organizações, que dedicam sua vida à defesa dos direitos humanos. Quero agradecer principalmente a todas as vítimas e familiares de vítimas que confiaram no nosso trabalho na busca por direitos humanos, para lutar junto com elas".

Rodrigo relembrou momentos difíceis na atuação da CDHAJ no Rio de Janeiro.

"Não tenho como esquecer casos como o da Associação de Moradores do Jacarezinho nos convocando para poder atuar na chacina que já sabíamos que estava acontecendo desde o início da manhã", contou Mondego.

"O local, que estava vazio, ficou repleto de moradores que vieram relatar o que tinha acontecido. Nunca esquecerei o cheiro do sangue no sol enquanto prestávamos atendimento às famílias. Nunca esquecerei de meu amigo, Anderson Marques, soldado da Polícia Militar, assassinado em serviço, cuja morte até hoje não foi apurada. Não esquecerei de sua tia me dizendo que esperava seu retorno todas as tardes, e de como ela nunca teve uma resposta sobre a morte de seu sobrinho. Há muito que não esquecerei, e muitas vezes a indignação nos consome, especialmente quando não conseguimos dar uma resposta às famílias, como nos casos da Kethlen [Romeu, morta há seis meses no Complexo do Lins], da Emily e da Rebeca [mortas em dezembro de 2020, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense]".

No encerramento de sua fala, o procurador destacou a importância da defesa dos direitos humanos.

"Há uma parábola judaica na qual um rabino protesta diante de Jeová, que não teria feito nada diante de tanta dor e sofrimento, e Jeová responde 'Enviei você'. Todos os militantes de defesa dos direitos humanos são os enviados para construir uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária. É uma missão para colocar nossos corpos e privilégios à frente, e isso é o mínimo que temos que fazer. Todos fizemos um juramento ao nos tornarmos advogados, e juramos defender o Estado democrático de Direito, a Constituição e os Direitos Humanos. Tudo o que faço como militante dos direitos humanos e como advogado é honrar esse juramento. É o mínimo, mas um mínimo que é significativo na vida de muita gente e nesse nosso trabalho de formiguinha na construção de um Estado que seja garantidor, e nunca violador, dos direitos humanos".     

A solenidade contou ainda com a entrega da Moção de Reconhecimento e Louvor concedida pela vereadora Tainá de Paula (PT). Entre os homenageados, membros da Comissão de Direitos Humanos da OABRJ e profissionais do departamento de Jornalismo da Ordem.

Veja abaixo a lista de todos os homeangeados e as fotos da cerimônia:

1. Aline Cordeiro Peçanha
2. André Batista de Moura
3. Bernardo Arantes Cunha
4. Clara Passi de Moraes
5. Denisy Fernanda de Souza Silveira
6. Eduardo Sarmento Vieira
7. Fernanda Pedrosa
8. Fernanda Prates Fraga
9. Gustavo Augusto Freitas Deppe da Costa
10. Ítalo Bruno Mathias Lima
11. Luiz Guilherme Monteiro Albuquerque de Queiroz
12. Mariana Correia Rodrigues
13. Marta Regina Pinto Pinheiro
14. Ramires Beltrão do Valle
15. Rodrigo de Sousa
16. Thaise Zacchi Pimentel
17. Vanessa Figueiredo Lima
18. Vanessa Francisco Sales
19. Virna Vírginia Plastino

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