O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, criticou nesta quinta-feira, dia 15, a forma como o Ministério Público Federal (MPF) apresentou anteontem a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a mulher dele, Marisa Letícia, e mais seis pessoas no âmbito da Operação Lava Jato. "O processo é formal e guarda ritos. Não pode ser objeto de um espetáculo. Isso me preocupa. É preciso aprimorar esse procedimento", disse o advogado em entrevista à Rádio Estadão. Em uma apresentação pública feita anteontem, o procurador da República Deltan Dallagnol apresentou Lula como o "comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava Jato". Durante a divulgação da denúncia, Dallagnol utilizou o programa PowerPoint para exibir evidências contra o ex-presidente, o que virou motivo de piada nas redes sociais. Segundo Lamachia, "há um prejuízo" para quem está sendo acusado quando a apresentação do processo não é conduzida de maneira formal. "Me preocupo quando temos algumas manifestações que tomam um contexto muito fora do que nós, advogados, estamos acostumados no processo judicial." O dirigente disse ainda que os debates e a apresentação das provas devem acontecer de forma "mais serene e técnica". Dez medidas O presidente da OAB também criticou parte do pacote de propostas contra a corrupção que o Ministério Público Federal apresentou ao Congresso. Segundo ele, a iniciativa restringe a possibilidade de habeas corpus e permite o uso de provas ilícitas. "Algumas medidas são inaceitáveis, como essa das provas ilícitas. Se procurarmos combater o crime cometendo outro crime, estaremos a um passo da barbárie." Para ele, provas podem ser produzidas contra inocentes. Questionado sobre a consistência das provas apresentadas pelo Ministério Público Federal contra Lula, o presidente da OAB afirmou que não cabe a ele fazer "juízo de valor".