19/08/2019 - 16:14 | última atualização em 19/08/2019 - 16:53

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Presença feminina em postos de chefia é tema de parceria da Comissão de Relações Internacionais e da OAB Mulher

Clara Passi

Os percalços que as mulheres encontram na escalada rumo a posições de poder e as formas de tornar a competição menos desleal em relação aos homens foram os eixos do evento "A liderança da mulher advogada", realizado na Seccional pela Comissão de Relações Internacionais da OAB/RJ, com apoio da OAB Mulher, nesta segunda-feira, dia 19. 

A mesa de abertura foi composta pela vice-presidente da Seccional, Ana Tereza Basílio, pela presidente da OAB Mulher, Marisa Gaudio, e pelo líder da Comissão de Relações Internacionais, Bruno Barata, anfitrião do encontro. A ex-presidente da Ordem dos Advogados da Inglaterra Christina Blacklaws participou via videoconferência e mostrou que as questões que afligem as profissionais brasileiras também ressoam em países mais desenvolvidos.

A cota como um mecanismo para minorar a desigualdade de representação feminina dentro de escritórios e corporações foi abordada pela mesa não como um privilégio, mas como uma forma de igualar desiguais. Mais parceria por parte de colegas do sexo oposto, mais flexibilidade de horário e até a possibilidade de home office  foram exemplos citados como forma de atenuar a carga de profissionais que escolhem ser mães. 

O custo alto de cuidadores para as crianças pequenas é uma das dificuldades que unem mulheres profissionais mundo afora, destacou Basílio. “Depois de ouvir a exposição de Blacklaws, vi que nossos problemas são parecidos com os enfrentados em outras realidades”. 

O número ínfimo de homens na plateia evidenciou a urgência de se levar a pauta para fora das rodas de debate da militância feminina, frisou Gaudio. “É bom que esse tema esteja sendo abordado por outras comissões, isso ajuda a sensibilizar mais o público masculino. As mulheres demoram mais a ascender nesta sociedade patriarcal e machista. E, mesmo quando estão nesse projeto de crescimento profissional, encontram dificuldades como, por exemplo, a maternidade. A visão machista das empresas faz com que se pense que elas não darão conta por causa dos filhos".

A diretora-jurídica da Cyrela, Rafaella Carvalho, a diretora de Compliance da Uber, Patricia Godoy, e a diretora de compliance, auditoria e jurídico na Firjan, Gisela Gadelha, trouxeram pontos de vista pessoais. “Ainda há a percepção de que homens têm pouca sensibilidade e não enxergam a disparidade como um problema, mas como consequência natural de escolhas como a maternidade", destacou Carvalho. 

A tônica geral foi de que as mulheres que já ocupam posições de liderança e que sabem como foi difícil chegar lá e se manter precisam trazer para si a responsabilidade de brigar por mais representatividade, mesmo sabendo que isso a colocará em uma situação de vulnerabilidade. Mas se não o fizerem, dificilmente os homens o farão.

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