16/10/2013 - 10:11

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Polícia investiga milicianos que teriam ordenado protestos

jornal O Globo

O delegado assistente da 32º DP (Taquara), Maurício Mendonça, investiga a participação dos irmãos milicianos Dalmir Pereira Barbosa e Dalcemir Pereira Barbosa nos protestos feitos por donos de vans da Favela Rio das Pedras, em Jacarepaguá, contra as novas regras para o transporte alternativo na região. Na manhã de anteontem, manifestantes bloquearam avenidas e impediram o acesso de ônibus à área, prejudicando os moradores da comunidade. O delegado informou que, segundo informações recebidas pela polícia, os irmãos estariam orientando os donos de vans a protestarem.
 
Para confirmar a suspeita, Maurício Mendonça decidiu ouvir ontem mesmo o depoimento de Dalmir, ex-sargento da PM, que cumpre pena domiciliar em seu apartamento na Avenida Lúcio Costa, na Barra. Ele negou qualquer envolvimento com a milícia ou com os protestos. Disse que está preso há dois anos e perdeu o contato com todo mundo. Também alegou não saber o paradeiro do irmão Dalcemir, condenado no mesmo processo que ele e que está foragido. Dalmir, condenado por formação de quadrilha armada e lavagem de dinheiro, cumpre pena domiciliar porque está doente.
 
Ontem também, para combater a milícia que domina a comunidade, a Polícia Civil fez uma operação na região. Cerca de cem policiais de várias delegacias especializadas participaram da ação. Becos e vielas foram vasculhados. Os agentes também revistaram mototaxistas e motoristas. Durante a operação, foram apreendidos equipamentos de uma central clandestina de TV a cabo, explorada pela milícia, e um carro roubado. Não houve prisões.
 
Motoristas se queixam
 
O clima na comunidade era de tranquilidade. No antigo ponto de vans na Avenida Engenheiro Souza Filho, motoristas impedidos de trabalhar reclamaram das mudanças nas regras do transporte alternativo na região. Com a medida, o número de vans autorizadas a circular na região cai de 1.200 para 392.
 
Motorista auxiliar há 13 anos, Edvaldo Luiz de Oliveira foi um dos que se queixaram: "Eles acabaram com todas as linhas de van que faziam ponto em Rio das Pedras. Fiz vistoria em 2013, tenho o selo e não posso trabalhar. Como vou pagar a prestação da minha van?"
 
Outro motorista, Antônio Marcos Neves, disse que agora muitos condutores ficarão sem ter como sustentar a família. Ele disse que não quis entrar na licitação da prefeitura porque as exigências eram grandes e a concorrência não beneficiava quem já estava trabalhando.
 
Na favela, alguns ainda estavam sem saber direito os horários dos ônibus. A recepcionista Edileuza Martins, de 27 anos, disse que, sem vans, terá de pegar dois ônibus para o trabalho:
 
"A van me deixava perto do trabalho, no início da Barra. Agora, o único ônibus me deixa no posto 5 e tenho que pegar outra condução. Demoro mais tempo para chegar".
 
O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, avaliou de forma positiva o serviços prestado pelos ônibus aos moradores de Rio das Pedras. Segundo ele, as empresas cumpriram o compromisso de aumentar em 20% a frota.
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