02/06/2017 - 17:47 | última atualização em 02/06/2017 - 20:54

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Para palestrantes, discriminação atrapalha crescimento de advogadas

redação da Tribuna do Advogado

Foto: Lula Aparício   |   Clique para ampliar
Correspondendo a quase metade da advocacia brasileira, as mulheres advogadas ainda são minoria nos postos de diretoria dos escritórios. Os fatores que impedem a igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho e as prerrogativas das advogadas foram os temas debatidos na manhã desta sexta-feira, dia 2, iniciando a primeira mesa de discussões da I Conferência Estadual da Mulher Advogada, que teve início na noite de quinta-feira.
 
“Hoje falaremos sobre prerrogativas, sobre direitos, sobre política. Teremos mulheres falando sobre esses temas de suma importância no momento delicado que o país atravessa”, destacou a presidente da OAB Mulher, Marisa Gáudio. Ela afirmou que ainda é muito difícil para as mulheres advogadas se sentirem representadas e terem espaço no mercado de trabalho e na própria OAB. Ela agradeceu às dez presidentes mulheres das subseções do Rio de Janeiro e lembrou das colegas que trabalham em todo o estado por mais igualdade entre os gêneros. “Estamos pedindo igualdade e vocês estão mostrando que nós merecemos, embora não tivéssemos que justificar nossa participação, vocês justificam porque trabalham e lutam por isso diariamente”, disse.
 
Destacando a importância da interiorização do Plano Estadual da Mulher Advogada, a secretária adjunta da Seccional e presidente da Comissão de Direito e Tecnologia da Ordem, Ana Amelia Menna Barreto, lembrou que a participação feminina vem crescendo dentro da OAB/RJ. “Temos muitas presidentes mulheres em comissões e temos que ocupar os nossos espaços. Todos nós fazemos parte da OAB”, afirmou.
 
Foto: Lula Aparício   |   Clique para ampliar
Fernanda Marinella, que está à frente da OAB Alagoas, é a única presidente mulher entre as 27 seccionais da Ordem. “A mulher sempre foi tratada de forma discriminatória. A mudança precisa ser cultural, de comportamento e a luta não pode parar”. Para ela, falta estímulo para que as mulheres participem da política, já que desde crianças é ensinado apenas o papel doméstico às meninas. “Capacidade existe, o que não existe é uma estrutura que viabilize a participação de mulheres na política”, defendeu. Por fim, ela lembrou que metade da OAB é composta por advogadas e pediu que houvesse representatividade nas diretorias de Ordem de todo o país. “Se nós já pagamos metade da conta, nós queremos sentar na metade da mesa”, concluiu.
 
Membro consultiva da Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia, Juliana Görtz explicou o conceito de teto de vidro. Segundo ela, são barreiras sutis e invisíveis que impedem que a mulher cresça na carreira. “Culturalmente é atribuído ao homem o papel de direção”, pontuou. “De fato, nós só vamos alcançar igualdade externa quando alcançarmos igualdade dentro da classe, porque eu sou mulher parece que minha voz vale menos e isso não deveria ser assim”, disse.
 
Com dados sobre as mulheres no mercado de trabalho, a vice-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros e presidente da Comissão de Direito sindical da OAB/RJ, Rita Cortez, destacou que apenas 5 a 10% das instituições têm mulheres nos cargos de gerência. Um dos motivos que levam a isso, segundo ela, é a evasão do mercado de trabalho, causada pelo abandono da profissão por conta da responsabilidade familiar. “Como uma mulher vai ter um filho e cuidar sozinha de um escritório? Ela acaba tendo que optar”. Rita destacou a necessidade de união. “Precisamos ser solidárias umas com as outras”, disse.
 
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A diretora jurídica do Grupo CEG, Kátia Junqueira, falou sobre liderança feminina na advocacia corporativa e afirmou que cabe às mulheres também destacar os talentos das colegas de trabalho. “Temos que mostrar a capacidade da mulher no mercado de trabalho. A mulher tem que buscar seus próprios papeis. Infelizmente ainda temos que trabalhar e nos sacrificar mais e ainda ganhar menos que os homens, mas a mulher hoje é muito capacitada. O mundo profissional ideal é onde nós temos diversidade”, disse.
 
A advogada membro da Comissão Nacional da Mulher Advogada Cristiane Romano pontuou ações para a retenção de talentos femininos na advocacia, já que entram muitas estagiárias nos escritórios de advocacia. Entre as práticas, ela destacou a possibilidade de advogadas mais experientes atuarem como mentoras das colegas mais jovens nos escritórios, em uma troca de experiências. “Da mesma forma que a advogada mais nova vai aprender, a advogada mais experiente estará treinando suas habilidades de liderança. Todos ganham”, disse. Outras ações para a permanência de advogadas nos escritórios são uma maior flexibilidade de horários; o incentivo ao relacionamento com o cliente; um espaço para amamentação, um fator de tranquilidade para a mulher que teve filho recentemente e, por último, o engajamento dos homens na igualdade de gênero.   
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