05/09/2023 - 17:34 | última atualização em 06/09/2023 - 14:01

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Palestra na Seccional relacionou advocacia ao processo artístico: “o Direito está atravessado pela arte de existir”

Yan Ney



A OABRJ, por meio de sua Comissão de Filosofia do Direito e Literatura, promoveu, nesta segunda-feira, dia 4, evento para discutir o pensamento de Franz Kafka através da relação do Direito e da arte. O encontro reuniu a presidente e o membro do colegiado organizador, Elaine Lacerda e Marcos Palermo, e teve como palestrante o professor associado da Faculdade de Direito da Uerj, Alexandre Fabiano Mendes.

Inspiração para o debate, Franz Kafka foi um escritor tcheco, nascido no século XIX, que retratou a ansiedade e a alienação do homem contemporâneo. Para ele, isolamento e solidão são coisas distintas, uma vez que estar isolado significa não poder agir porque não há ninguém para agir consigo, enquanto estar solitário é sentir-se completamente abandonado por toda companhia humana.


“Eu escolhi o título ‘janelas de Franz Kafka’ para trabalhar um tema muito presente na obra dele, que é um jogo entre janelas e portas. Sempre que estão abertas, você tem uma corrente de ar e evita a sensação de ambiente carregado, pesado e sufocante. Kafka trabalha esse processo em que o mais importante é produzir essas aberturas para que haja um fluxo e você não fique estagnado”, explicou Alexandre Fabiano Mendes.



Para o palestrante, a arte não deve atrelar-se ao belo, mas ao processo de existência e, principalmente, sobre como atuar na advocacia. Seria, portanto, um profissional que age ao lado de pessoas comuns com o dever de entender o conceito de pretensão de legitimidade. Alexandre sinalizou que “o Direito está atravessado pela arte de existir”.

A presidente da Comissão de Filosofia do Direito e Literatura OABRJ, Elaine Lacerda, complementou dizendo que este encontro contribuiu para fomentar novos pensamentos e perspectivas. Segundo Lacerda, que também foi a mediadora do evento, este é um dos principais objetivos da comissão: partilhar por meio dos mais diversos profissionais uma nova lente, que muitas vezes é prejudicada pela burocratização do dia-a-dia da classe.


“A existência precede e cria-se o caminho a ser trilhado. Então quando você fala de sentimentos, mostra que a existência ressurge abrindo caminho para outros. O Direito, portanto, é posto dessa forma artística”, completou a presidente ao referir-se à relação Direito e arte.



O encontro “As janelas de Franz Kafka” ficou completo com a participação dos presentes no Plenário Carlos Maurício Martins Rodrigues. Entre relatos sobre a presença da arte na advocacia e perguntas relacionadas ao papel da filosofia nas prerrogativas da classe e na celeridade processual, uma participante falou da presença do processo artístico fora do meio acadêmico. Ela contou que seu filho está no processo de definir a profissão e, por isso, passa por questões existenciais. A colega disse perceber um certo conforto existencial dele quando está diante de um instrumento artístico, o que a levou a concluir que “a arte é o meio mais eficiente para despertar um comportamento filosófico fora do meio acadêmico”.

Veja todos os tópicos levantados pelos palestrantes e os presentes no auditório na transmissão no canal da OABRJ no YouTube. 

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