29/11/2017 - 12:00 | última atualização em 30/11/2017 - 17:40

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Em painel sobre os desafios do Judiciário, Felipe propõe autocrítica à advocacia e mais espaço para negros, jovens e mulheres na Ordem

redação da Tribuna do Advogado

                 Foto: Marcelo Moutinho  |   Clique para ampliar
 
 
Marcelo Moutinho
Ao proferir palestra na manhã desta quarta, dia 29, na XXIII Conferência Nacional da Advocacia, o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, propôs uma autocrítica da Ordem. “É claro que precisamos cobrar, e cobrar muito, democratização e eficiência do Poder Judiciário, mas temos também que olhar para nós mesmos. Quanto tempo ainda levará para que haja efetivo espaço para as mulheres e os negros, por exemplo, na OAB? Por que o jovem advogado pode votar, mas não pode assumir cargos diretivos na nossa entidade?”, questionou Felipe, chamando de “instrumento feudal” a cláusula de barreira que impede colegas recentemente formados de compor os conselhos da Ordem.
 
Foto: Marcelo Moutinho|   Clique para ampliarA postura ética foi outro ponto levantado pelo presidente da OAB/RJ. Ele salientou que o Tribunal de Ética e Disciplina da Seccional do Rio suspendeu mais de 1200 advogados nos últimos anos e que a retidão no dia a dia profissional é pedra-base no respeito da sociedade à advocacia. “Quem fica com dinheiro do cliente não pode ser advogado”, resumiu.
 
Referindo-se à capa da revista Veja desta semana, que trata dos advogados que supostamente enriqueceram defendendo os implicados na Operação Lava-jato, Felipe falou em tom crítico: “Não nos enganemos. Não se trata de uma matéria de costumes, é uma matéria política, que tenta nos transformar em mercadores. O objetivo, no fundo, é esvaziar o direito de defesa”.
 
Após as considerações sobre a advocacia, ele defendeu que o Poder Judiciário seja pensado dentro de um projeto maior de país. Segundo o presidente da OAB/RJ, não adianta esperar resultados diferentes quando partimos das mesmas ações. “Precisamos de planejamento, de criatividade. Pensar de forma global. Isso, evidentemente, não significa que não vamos denunciar equívocos como a recente proposta de fechamento de comarcas. O critério não pode ser o tamanho ou a força econômica da cidade. Judiciário não é franquia do McDonalds”, sublinhou.
 
Felipe fez questão, também, de prestar reverência ao presidente do painel, Mário Sérgio Duarte Garcia, que comandou o Conselho Federal da Ordem de 1983 a 1985, tendo sido um dos artífices do movimento pelas Diretas Já. “Sou fruto de uma geração que sofreu na pele a violência da ditadura. O senhor simboliza a grandeza da advocacia brasileira, nosso compromisso inexpugnável com a democracia”, disse, destacando que a credibilidade social da Ordem é fruto dos que construíram a história da instituição.  Ao fim de sua fala, o presidente da OAB/RJ foi aplaudido de pé.
 
Os ministros do STJ João Otávio de Noronha e Humberto Martins; o ex-ministro da Justiça Sidnei Beneti; o desembargador do TRT-6 Carlos Eduardo Pugliesi; o diretor do curso de Direito da Uninove, Sergio Pereira Braga; e o advogado José Rogério Cruz e Tuci foram os outros palestrantes do painel.
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