27/09/2008 - 16:06

COMPARTILHE

OAB/SP deve mediar uma saída para greve de policiais

OAB/SP deve mediar uma saída para greve de policiais


Do Estados de São Paulo

27/09/2008 - A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se ofereceu ontem para mediar uma saída para a greve dos policiais civis no Estado, que deve entrar hoje em seu 12º dia. A iniciativa de Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da seção paulista da entidade, é a primeira tentativa de reconstruir o diálogo entre policiais e o governo desde o início do movimento dos policiais.

A reação dos policiais foi imediata. "Achamos muito positivo que uma entidade como a OAB possa ajudar a vencer esse impasse. Sempre estivemos prontos para negociar e esperamos que o governo analise o apelo da OAB, que é muito positivo", afirmou o delegado André Dahmer, diretor da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.

Ao tomar conhecimento da iniciativa da OAB, a Secretaria da Segurança Pública informou que "o governo nunca deixou de negociar". "Quem abandonou a mesa de negociação foram os sindicatos. Reiteramos que o Estado está disposto a retomar as negociações imediatamente após a suspensão da greve." Os policiais afirmam que o governo quer humilhar a polícia em vez de dialogar. D'Urso afirmou que a entidade está preocupada com o impasse e "faz um apelo às partes - governo do Estado e corporações policiais - para que se emprenhem no sentido de encontrar urgentemente uma solução para a crise". D'Urso explicou a iniciativa como resultado do excelente relacionamento que a entidade tem com a Polícia Civil e com o secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, "que é integrante da advocacia".

Os policiais querem 15% de reajuste neste ano, 12% em 2009 e 12% em 2010. O governo ofereceu 4,5% de reajuste do salário-base e de 38% no piso salarial dos delegados, com a extinção da 5º classe e conseqüente promoção dos policiais e o fim do degrau da gratificação de localidade, pago nas cidades de até 200 mil habitantes.

Com a greve, surgiram dificuldades para registrar boletins de ocorrência. O analista de infra-estrutura Alan Morresque, de 32 anos, procurou ontem o 78ª Distrito Policial, nos Jardins, para registrar um acidente de moto. Sem o BO, não há como receber o seguro. "Como o acidente teve vítimas, não posso fazer o boletim pela internet." Morresque ouviu que tem de esperar o fim da greve para fazer o registro. O auxiliar de recepção Wigno Adriano Coelho, de 36, sofreu uma ameaça e foi ao mesmo DP. Após esperar 40 minutos, foi avisado de que a Polícia Civil estava em greve. "Estou inseguro."

A reportagem visitou ontem várias delegacias nas zonas sul e leste e no centro da capital. Boa parte das delegacias exibe faixas e adesivos pedindo reajuste salarial e alguns policiais usam braçadeira com a inscrição "Estamos em greve". "Nunca pensei em participar de uma passeata. Mas chegamos ao limite", disse um delegado.

Abrir WhatsApp