22/02/2010 - 16:06

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OAB/RJ: UPP mostra que moradores eram vítimas

OAB/RJ: UPP mostra que moradores eram vítimas


Do jornal O Globo

22/02/2010 - A grande aceitação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) entre moradores de favelas derruba o mito de que as comunidades preferiam bandidos a policiais, segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio, Wadih Damous. Ele cita a pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), publicada ontem no GLOBO, em que 70% dos moradores de comunidades não atendidas por UPPs são favoráveis ao projeto. Outro dado mostra que 93% dos que vivem em locais pacificados consideram a comunidade muito segura ou segura.

"A grande maioria dos moradores de favela sempre foi vítima dos traficantes, não aliada. Se acobertava essa ou aquela ação criminosa foi mais por medo do que por simpatia", disse Damous.

Pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes, Silvia Ramos diz que em pouco tempo as UPPs conseguiram reverter um ódio mútuo entre policiais e moradores de comunidades.

"É surpreendente que em áreas nas quais há mais de 20 anos os moradores preferiam bandidos à polícia, em poucos meses a UPP está mudando rapidamente as relações. A pesquisa confirma que as UPPs são essa espécie de ovo de Colombo: quando a polícia respeita os moradores, eles respeitam a polícia e gostam dela. A aceitação na classe média não deve ser nada diferente. A UPP produziu uma mudança de expectativa na sociedade" disse Sílvia.

A pesquisadora ressalta que há duas polícias na mesma instituição: a velha, a que mais mata no mundo, cujo policial entra no morro ofendendo as mulheres; e a outra, na qual a primeira coisa que o policial faz é respeitar todo mundo.

O modelo de ocupação dos morros, no entanto, não pode ser exclusivamente policial, ressalta o presidente da OAB. A garantia da paz, de acordo com Damous, deve ser acompanhada da "ocupação de cidadania": "O grande erro da polícia eram as invasões em que exterminavam quem aparecesse pela frente, bandido ou morador, e depois iam embora. Moradores da favela querem o que qualquer ser humano deseja: cidadania, saúde, educação, saneamento e seus direitos garantidos".

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