18/11/2022 - 18:48 | última atualização em 18/11/2022 - 18:59

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OABRJ sedia pré-lançamento de livro sobre relações raciais

Evento na sede da Seccional debateu cenários do racismo na sociedade

Felipe Benjamin

O livro "Qualificação docente em serviço para a educação das relações étnico-raciais", do autor Ozias Inocêncio, teve seu pré-lançamento na noite de quinta-feira, dia 17, em cerimônia realizada pelo Centro de Documentação e Pesquisa da OABRJ no Plenário Carlos Mauricio Martins Rodrigues, marcada por discussões sobre as relações raciais na sociedade brasileira. O evento foi comandado pelo diretor do centro, Aderson Bussinger Carvalho, e contou com as participações da secretária-adjunta da Seccional, Mônica Alexandre; dos advogados Ruy dos Santos Siqueira e Rosana Fernandes, do delegado da Polícia Civil, Júlio Filho, e da presidente da OAB Mulher RJ, Flávia Ribeiro.

"Temos a questão da igualdade racial como uma pedra angular dentro da OABRJ e do Centro de Documentação e Pesquisa, e, por isso, sempre procuramos dar espaço para autores e autores negros, especialmente quando eles tratam das questões etnico-raciais e da defesa dignidade humana diante de tudo o que se fez e que ainda se faz contra negros e negras neste país", afirmou Aderson. "Eu e Ozias não nos conhecíamos, apenas tinhamos conversado pelo telefone, mas nos irmanamos pela mensagem e pela proposta de sua obra, no que buscamos atingir, que é um lugar de igualdade racial e justiça".

Apresentando uma retrospectiva de sua vida e obra, Ozias falou sobre a importância de trazer as discussões étnico-raciais para os corredores da OABRJ.

"Hoje, a ideia aqui é que possamos ter um espaço democrático, aproveitando uma instituição respeitada como a OABRJ para que façamos essa conversa, marcando esta data", afirmou o autor.

"Eu surgi na exclusão social, e hoje a minha principal riqueza é ter um pouco mais do conhecimento intelectual. Mesmo ocupando aguns dos cargos mais altos, os profissionais negros são observados inicialmente como alguém que não estaria lá, é a chamada 'cor suspeita', algo que eu e muitos aqui viveram. Quando falamos sobre as ações afirmativas no século XXI, muitos acreditam que a justiça tardia seja na verdade uma injustiça qualificada, porque têm dificuldade e entender a necessidade da reparação histórica".

Primeira mulher negra a ocupar uma cadeira no Conselho Seccional, Mônica Alexandre falou sobre os avanços alcançados sociais pelos negros ao longo dos anos.

"Na minha turma de faculdade, eu era a única mulher preta", contou Mônica. "Entrei na OABRJ na Comissão da Igualdade Racial porque queria dar uma resposta às pessoas e precisava aprender como. Fui a primeira mulher preta a ser conselheira da Ordem. É importante celebrar a conquista dos nossos espaços, e é importante estarmos aqui, ocupando estes espaços com propriedade. Para mim é muito significativo ver todos vocês aqui hoje, e estar aqui sem estar encolhida como ficava anos atrás. Minha ancestralidade passou por muita coisa e foi resistente para que hoje eu pudesse estar aqui. Temos que lembrar que esta é a casa do povo, e não da elite branca. Que tenhamos mais e mais vezes intelectausi negros nesta casa, porque esse é o caminho para crescermos".

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