28/09/2023 - 16:08 | última atualização em 29/09/2023 - 18:44

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OABRJ reúne colegas, autoridades e medalhista paraolímpico para discutir acessibilidade no esporte

Yan Ney



A OABRJ, através de sua corregedoria e da Comissão de Direito Desportivo, realizou, na tarde desta quarta-feira, dia 27, um encontro entre colegas, autoridades e um medalhista paraolímpico para discutir os aspectos jurídicos e sociais no esporte adaptado. O evento foi mediado pela presidente do colegiado, Renata Mansur, e pelo corregedor-geral da Seccional, Paulo Victor Lima Carlos.

Complementaram a mesa o presidente da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), Renato de Paula; a superintendente de políticas para pessoas com deficiência da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, Jocilene Dantas; e o 14 vezes medalhista paraolímpico, Clodoaldo Silva.

Entre os princípios legais do esporte, definidos pela Lei Geral do Esporte, sancionada em junho deste ano, estão a autonomia, democratização, educação, eficiência, gestão democrática, identidade nacional, inclusão, integridade e saúde. A nova legislação, citada por Mansur, garante que todos têm direito à prática esportiva em suas múltiplas e variadas manifestações e que a promoção, o fomento e o desenvolvimento de atividades físicas para todos, como direito social, notadamente às pessoas com deficiência e às pessoas em vulnerabilidade social, são deveres do Estado e possuem caráter de interesse público geral.


“Num breve espaço de tempo eu espero que a gente não trate mais as pessoas com deficiencia, negros e mulheres, como minorias. Espero também que possamos tratar todos com igualdade. É assim que a gente vem trabalhando, e eu tenho levantado essa bandeira no Tribunal de Justiça Desportiva. Mas não é fácil”.



Conhecido como “Tubarão das Piscinas”, Clodoaldo Silva, por conta de uma falta de oxigenação durante o parto, nasceu com paralisia cerebral, o que afetou seus membros inferiores. Mais tarde se tornou um dos maiores atletas paralímpicos do Brasil, com 14 medalhas, sendo seis de ouro e seis de prata. Ele foi o responsável por acender a Pira Paraolímpica nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, e relembrou que, embora o acesso aos locais de jogos fossem tranquilos, chegar até lá para quem vinha de outras regiões da cidade era muito difícil.

“O esporte, independente de ser de alto rendimento, ou não é a maior ferramenta inclusiva que a gente tem na sociedade”, opinou.

Segundo o presidente da Suderj, Renato de Paula, que revelou se inspirar muito em Clodoaldo, o Brasil é uma das poucas nações que reconhece o esporte como ferramenta ou locomotiva para a transformação social. Um dos reflexos disso é ser um dos únicos países com Justiça Desportiva. O convidado também alertou para a preocupação dos atletas e de entidades ligadas ao esporte em relação à saúde mental, uma vez que é um ambiente muito propício para afetar o psicológico.

“A pessoa com deficiência não quer ser vista como alguém que precisa de ajuda do Estado ou de tratamento de saúde. Ela quer ser vista como potência e o esporte exalta as potências”, alertou.

A superintendente Jocilene Dantas completou. Para ela, o esporte dá direitos aos sonhos de pessoas com deficiência. Ele motiva e “a faz acordar todas as manhãs acreditando que vai ser melhor”.

Antes do evento acabar, a presidente da Comissão de Direito Desportivo da OABRJ, Renata Mansur, revelou que era uma atleta amadora de canoa havaiana. Ao escutar isso, Clodoaldo brincou, convidando a advogada a migrar para a natação e disputar com ele.

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