Racismo e machismo enraizados na sociedade, especialmente na realidade afro-brasileira, foram discussões provocadas no livro "Mulheres pretas de fé: tecendo fios de liderança e representatividade" (Metanoia Editora), lançado em evento na noite de terça-feira, dia 27, na sede da OABRJ. A coletânea, organizada pela Babá Gisele Rose e pela pastora Veronica Cunha, é composta por artigos de mulheres pretas que narram suas experiências de liderança e representatividade em suas religiões em meio a compreensão dos desafios enfrentados. O evento ficou a cargo das coautoras da obra, a secretária-geral da Comissão OAB Mulher RJ e coordenadora de Assistência à Mulher Advogada da Caixa de Assistência da Advocacia do Rio de Janeiro (Caarj), Flávia Monteiro; e a diretora de Convênios da Caarj, Fernanda Mata; e da presidente da OAB Mulher RJ, Flávia Ribeiro. “Esse livro traz toda a representatividade das mulheres pretas de fé, carregando toda nossa ancestralidade dentro desta obra”, considerou Flávia Ribeiro, na abertura do evento. “É uma grande honra para a comissão trazer esse tema para dentro da Ordem, para tratarmos de todo o aspecto religioso, não só daquilo que estamos acostumados, mas também para falarmos de quem nos acompanha. As religiões de matriz africana são uma filosofia de vida. Não estamos presas em caixinhas, podemos expressar nossa fé de diversas formas como feito neste livro”. Coautora da obra, Flávia Monteiro ressaltou a importância de fazer o resgate ancestral e abordar a perspectiva de gênero através da escrita. “Nosso nome e origem é a nossa memória e ancestralidade. Tive um resgate ancestral há um ano, e quando descobri essa conversa entre as religiões contidas no livro, me interessei pelo projeto”, contou a secretária-geral da OAB Mulher. “Apesar da diversidade, estamos vivendo momentos de intolerância religiosa muito fortes ultimamente. Por isso, precisamos dialogar, falar sobre respeito e liberdade, direitos que estão contemplados na Constituição. A escrita é um ato político, e no livro encontrei o momento oportuno de me expressar. Essa iniciativa projeta mulheres negras e serve como uma ferramenta de combate à intolerância religiosa”. Diretora de Convênios da Caarj, Fernanda Mata destacou o impacto de reunir “histórias de mulheres pretas de diferentes religiões, profissões e trajetórias em um só lugar para falar de fé”. “Meu texto faz um recorte sobre o feminicídio junto a minha experiência transformadora na Umbanda e com a entidade que hoje me acompanha. Todas as contribuições do livro versam sobre a importância de entender as nossas raízes e como praticar a nossa fé”. Apresentando suas vivências no caminho religioso, as convidadas falaram sobre as adversidades enfrentadas por mulheres pretas ao longo do tempo. Entre elas estiveram as organizadoras da coletânea, Gisele Rose e Veronica Cunha; e as integrantes da OAB Mulher: a subcoordenadora do GT Mulheres Negras, Ana Gleice, também uma das autoras do livro; e a coordenadora do Clube do Livro da comissão, Evelyn Alves. Assista ao encontro, quando quiser, pelo canal da Seccional no YouTube.