10/08/2015 - 17:49 | última atualização em 10/08/2015 - 18:59

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OAB/RJ promove 1º curso do país sobre PJe-JT para deficientes visuais

redação da Tribuna do Advogado

Teve início nesta segunda-feira, dia 10, o curso PJe acessível, que visa a ampliar a acessibilidade ao Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho (PJe-JT) para advogados deficientes visuais. Promovido pela Diretoria de Inclusão Digital da OAB/RJ, o curso é pioneiro no Brasil, e terá aulas também na terça e na quarta-feira, sempre na Escola de Inclusão Digital Haddock Lobo, no 8º andar da sede da Seccional. A entidade promoveu uma chamada pública convidando os colegas para participarem do curso, cujos equipamentos foram especialmente configurados com sistema NVDA, utilizado para leitura de tela.
 
Para o presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, “a inacessibilidade dos sistemas de processo eletrônico não pode ser um fator de exclusão profissional” dos advogados portadores de deficiência. “A realização desse curso é o primeiro passo da Ordem para promover a igualdade de oportunidades dos colegas com as demais pessoas. Trata-se da garantia de seus direitos”, defendeu Felipe.
 
A diretora de Inclusão Digital da entidade, Ana Amelia Menna Barreto, ressaltou a parceira com o tribunal. “É o primeiro curso no Brasil, e só conseguimos realizá-lo graças à parceria e ao bom relacionamento entre a OAB/RJ e o TRT-1 [Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região]. A professora do curso é uma funcionária do tribunal, também deficiente visual, que fez capacitação junto ao Tribunal Superior do Trabalho e foi cedida para compartilhar esse conhecimento. Ela vai demonstrar como o advogado deficiente visual pode continuar exercendo seu ofício através dos meios eletrônicos”, explicou.
 
Segundo Ana Amelia, houve avanços significativos, mas ainda é necessário lutar por melhorias. “Ainda não estamos no ponto ideal, porém antes não tínhamos nada. A OAB/RJ está empenhada com o TRT-1 para buscar, junto ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho [CSJT], a acessibilidade plena ao sistema, de modo que os advogados deficientes visuais possam exercer seu ofício com dignidade e independência. Estou muito feliz por essa vitória”, disse, emocionada, a diretora de Inclusão Digital.
 
O diretor da secretaria da Seção Especializada em Dissídios Individuais (Sedi) do TRT-1, Álvaro José de Aguiar, participou da abertura do evento. “A ideia desse curso nasceu de uma conversa com a Ana Amelia, e coincidentemente surgiu logo depois a oportunidade da capacitação junto ao CSJT em Brasília. Valorizamos essa parceria com a Ordem, e estamos à disposição para ajudar a ampliar a acessibilidade ao PJe-JT”, declarou Aguiar.
 
Funcionária do TRT-1 lotada na Sedi, Maria Villela foi convidada para ser professora do curso. Ela participou de um curso de capacitação e acessibilidade ao sistema realizado em junho em Brasília pelo CSJT. “Agradeço à OAB/RJ pela oportunidade. O sistema está melhorando, nós deficientes visuais já temos bastante autonomia. No final de junho, fiz esse curso, para o qual foram convocados servidores com deficiência visual que servirão como multiplicadores sobre a acessibilidade”, contou.
 
Para Maria Villela, da mesma maneira que facilitou o seu cotidiano, a capacitação pode auxiliar todos os advogados deficientes visuais. “Antes eu dependia de alguém para ler o processo para mim. Não conseguia confiar totalmente, já que a pessoa poderia não localizar um dado que seria importante. Hoje, tenho autonomia para trabalhar sozinha”, completou.
 
A servidora integra o grupo que fará a homologação da acessibilidade do sistema, e disponibilizou um email para os advogados enviarem críticas e sugestões a partir dos problemas que forem enfrentando. O curso teve ainda a participação de Cristina Telles, também servidora deficiente visual do TRT-1 e lotada na Sedi.
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