A OABRJ, por meio da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ), esteve no trote solidário promovido pelos estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), realizado no Quilombo do Grotão, em Niterói (Sítio 77 - R. Maria Luiza Gomes da Costa - Engenho do Mato), na quinta-feira, dia 26. A iniciativa visa integrar os calouros à universidade, destacando a importância de uma atuação acadêmica que ultrapasse os muros institucionais e materialize a conexão entre os conhecimentos acadêmicos e a sociedade, efetivando, assim, a responsabilidade social do ensino público superior. O evento contou com a participação do procurador-geral da CDHAJ e professor da Faculdade de Direito da UFF, Paulo Henrique Lima, e de diversos representantes da Seccional, como a assessora da Presidência, Anna Borba, a vice-presidente da Comissão de Direito Antidiscriminatório da OABRJ, Luciana Silva, e o procurador da Comissão de Prerrogativas, Hiago Leal. “A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária tem se reerguido a partir da racialização dos direitos humanos e da defesa irrestrita das periferias. Embora os direitos humanos sejam formalmente inerentes a todos, sabemos que as violações ocorrem de forma seletiva e são naturalizadas quando os alvos são negros de pele, de chão e de bolso”, afirmou Paulo Henrique. O procurador-geral ressaltou ainda que a promoção da defesa dos direitos humanos é um ponto de interseção entre a missão institucional da UFF, por meio do ensino, pesquisa e extensão, e a da OABRJ, de ser trincheira da defesa da justiça social e do combate às opressões. “A defesa da dignidade humana daqueles que historicamente são vítimas de processos de desumanização não pode se limitar a discursos, deve ser materializada diariamente nas favelas, periferias e quilombos. Ver tantos meninos e meninas com sonhos de combater injustiças é um alento e ajuda a oxigenar toda a advocacia. O espírito de luta e criticidade da juventude do Coletivo Direito Popular nos inspira a reviver a esperança de dias melhores, em que a igualdade se materialize de fato.” Para Anna Borba, o Quilombo do Grotão é fundamental como espaço de resistência e preservação cultural na cidade. Borba também reforçou a importância da participação feminina no universo jurídico. “Em todos os espaços do Direito, as mulheres são maioria. Somos a maioria dos estudantes inscritos nas faculdades, a maioria entre a advocacia e entre os aprovados em concursos públicos. Mas, devido ao machismo estrutural, assim como os negros, nós, mulheres, continuamos com pouquíssimo espaço de fala. Não vamos mudar a realidade se não ocuparmos os espaços que os homens brancos ocupam. Por isso, eu parabenizo essa garotada, porque esse tipo de iniciativa é muito importante para mudarmos a realidade pela base.” Renatão do Quilombo, liderança local, destacou a importância da presença da UFF e da OABRJ. “O Coletivo Direito Popular e a UFF sempre foram nossos parceiros na busca pela materialização dos discursos. Ficamos muito felizes com a presença da Comissão de Direitos Humanos, que vem acolhendo nosso quilombo. A presença da OABRJ serve de inspiração para todos nós, mas, principalmente, para todos esses meninos e meninas que acabaram de ingressar na Faculdade de Direito.”