23/05/2022 - 14:54 | última atualização em 23/05/2022 - 14:55

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OABRJ empossa Comissão de Combate à Intolerância Religiosa

Felipe Benjamin

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da OABRJ tomou posse na manhã desta segunda-feira, dia 23, em cerimônia no Plenário Evandro Lins e Silva, na sede da Seccional. No discurso de abertura, o presidente da Seccional, Luciano Bandeira, destacou a presença de nomes como o deputado federal Alessandro Molon e o deputado estadual Átila Nunes Filho na plateia, e renovou o compromisso da Seccional na defesa da liberdade religiosa.

"Ultimamente, aqui no Rio de Janeiro, testemunhamos ataques, principalmente na Baixada Fluminense, por parte de grupos criminosos às religiões de matriz africana", afirmou o presidente. "A liberdade religiosa é um elemento fundamental e sem ela não conseguimos avançar.  Temos que garantir que cada um, dentro da sua crença, tenha a liberdade de praticar sua fé. Essa comissão continuará esse trabalho histórico da Ordem, que durante seus 92 anos de existência, na maior parte do tempo, esteve ao lado dos direitos humanos e da democracia".

Luciano também celebrou a posse de Arnon Velmovitsky como presidente do grupo.

"Gostaria de explicar por que convidei Arnon para presidir a comissão, e fiquei muito feliz quando ele aceitou a missão. Além de uma história de dedicação à liberdade religiosa, ele presidiu a Federação Israelita do Rio de Janeiro e tem uma interlocução muito grande com todas as denominações religiosas do estado. É, sem dúvida, o nome certo para que essa comissão deslanche e ajude a Ordem a cumprir seu papel histórico".

Em seu primeiro discurso como presidente da comissão, Arnon Velmovitsky destacou a importância da interação como elemento fundamental do combate à intolerância.

"Gostaria de expressar minha satisfação por presidir essa comissão. Uma das questões essenciais para combater a intolerância religiosa é o diálogo. Para poder entender o próximo precisamos dialogar, e talvez por ser judeu, e ter vivido com intensidade as questões do Holocausto, eu possa ter essa visão ampliada a todas as religiões. Essa comissão lutará pelo direito de todos professarem suas religiões, e inclusive pelo direito das pessoas de não professarem religião alguma. Temos que caminhar nesse sentido, e, como Seccional, vamos interligar todas as subseções e levá-la a todos os lugares em que ela ainda não exista.

Vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basílio lembrou dos perigos das perseguições religiosas e da necessidade constante de respeito às diferentes religiões.

"Hoje é um dia de muita alegria nessa casa", afirmou a vice-presidente. "A liberdade religiosa é a manifestação mais clara da liberdade de expressão e de sentimentos. A religião reflete nossas almas e precisa ser respeitada. Como dizia Gandhi, as religiões são caminhos diferentes seguindo para o mesmo ponto. Que diferença faz se seguimos por caminhos diferentes desde que alcancemos o mesmo objetivo?  Muito já se matou na História do mundo por causa das religiões, e depois da lição trágica que a Humanidade recebeu na Segunda Guerra Mundial, nos cabe estar aqui defendendo diariamente a bandeira da liberdade religiosa".

Compuseram a mesa da cerimônia o procurador-geral e coordenador de comissões, Fábio Nogueira; os vice-presidentes da comissão Antônio Laért Vieira Júnior e Gilberto Garcia; o presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Sydney Sanches, e o secretário-geral da comissão, Leonardo Iorio.

"Me lembro que há mais de cinco anos nos reunimos aqui para tratar desse mesmo tema, e de lá pra cá esse desrespeito às religiões aumentou, não somente em relação às religiões de matriz africana, mas também contra evangélicos e outras denominações", afirmou Fábio Nogueira. "É importante que essa comissão reúna essas denúncias contra a manifestação livre de pensamento para combater situações inadmissíveis como a que aconteceu nesse fim de semana, em Itaboraí, a uma hora e meia da cidade do Rio de Janeiro. Uma sociedade que pretende ser verdadeiramente democrática, precisa primeiro entender o que é um Estado laico. Brigamos tanto para separar o Estado da religião, mas o que vemos nos últimos anos é justamente o contrário, portanto é importante que a Ordem cumpra seu papel. Isso pode não ter o aplauso da maioria, mas nossa função é justamente essa: a defesa das minorias".

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