28/06/2023 - 16:14 | última atualização em 28/06/2023 - 16:23

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OABRJ debateu uso do juridiquês no dia a dia da advocacia

Cuidados com a comunicação foram tema de evento na Seccional

Felipe Benjamin



Realizado pela Diretoria de Valorização da Advocacia, o evento "O uso do juridiquês", realizado na noite de terça-feira, dia 28, no Plenário Evandro Lins e Silva, na sede da Seccional, debateu os desafios da advocacia na comunicação com clientes e na divulgação do conhecimento jurídico junto à população.

"Esse evento é muito adequado à questão da valorização da advocacia", afirmou a vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basilio, em seu discurso inicial.


"Nosso trabalho envolve comunicação e nossa missão é transformar, com uma perspectiva jurídica, aquilo que o cliente quer que seja dito ao juiz. Mas nós não nos comunicamos apenas com magistrados, membros do Ministério Público ou da Defensoria Pública. Também falamos com clientes, com a imprensa, com o grande público e com colegas de outras áreas. E em cada uma dessas comunicações, precisamos ajustar a linguagem. Valorizar a advocacia é tratar de temas que tornem nosso trabalho mais eficiente. Por isso, é importante debater esse tema, para que não percamos o elo de proximidade com os clientes ao falar com eles".



O evento foi comandado pela diretora de Valorização da Advocacia no Âmbito da Mulher e conselheira da Seccional, Silvia Correia, e contou com as presenças dos integrantes da Diretoria, Ian Guerrieiro e Livia Madeira; além do presidente da OAB Jovem/ Nilópolis, Heitor Pontes; o delegado e professor Deoclecio Assis, e a advogada familiarista Tayana Campello. 

"Em 2018 consegui concretizar um projeto de longa data, que era levar alunos de faculdade para estagiarem em delegacias", afirmou Deoclecio.

"Isso ajudou a combater a falta de mão de obra, mas principalmente, mostrou a eles, que serão advogados, defensores e juízes no futuro, a importância de não deixar que o volume de trabalho se intensifique e que muito tempo se perca por questões de comunicação. Em termos de petição, é sempre importante lembrar que menos é mais. Muitas vezes, os advogados querem falar muito para deixar tudo muito claro e o objeto da petição acaba se perdendo. Os policiais e delegados acabam não tendo a visão do que o advogado realmente quer fazer. Na delegacia, a informalidade vale mais que mil petições".

Reforçando a importância de saber exatamente o que dizer e a quem, o presidente da OAB Jovem/Nilópolis falou sobre a alternância de linguagem ao falar com clientes e magistrados.

"Os termos jurídicos devem ser utilizados com as situações a serem encaradas, e a linguagem jurídica nada mais é do que um apanhado de termos técnicos utilizados para desenvolver nossa ciência jurídica", afirmou Pontes.

"Se você abusar de termos técnicos ao falar com um cliente, ele poderá até ficar bem impressionado, mas os honorários acabarão com algum outro colega que tenha simplesmente explicado as coisas em termos que ele possa entender. Então, mais importante do que falar bonito, é explicar esses termos jurídicos e o andamento dos processos com clareza. É claro também que, ao falar com magistrados, é importante conhecer os termos jurídicos e enriquecer a linguagem, assim como nas sustentações orais".

Silvia Correia destacou, ainda, a importância de evitar que o excesso de empatia com clientes prejudique a expressão dos advogados durante as representações.

"Muitas vezes nós, advogados, temos a mania de vestir a capa do cliente, e não filtramos sua indignação", afirmou Correia. 


"Acabamos acreditando que se dissermos aquilo que o cliente quer, estaremos mostrando a eles que estão sendo bem representados. Na área trabalhista isso é bastante comum, mas temos que ser objetivos, sem simplesmente replicar os sentimentos dos clientes. O caminho para um resultado passa por uma comunicação escrita e falada, mas sempre com segurança e frieza, para não deixarmos que a empatia acabe comprometendo nossa ação".

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