01/06/2008 - 16:06

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OAB/RJ classifica tortura como um atentado à liberdade de informação

OAB/RJ classifica tortura como um atentado à liberdade de informação

 

 

Do Jornal O Globo

 

01/06/2008 - Entidades classificaram a tortura à equipe do jornal "O Dia", na Favela do Batan, em Realengo, como um atentado à liberdade de informação. Para a maioria delas, o caso vai enterrar a ilusão de que as milícias são alternativas ao tráfico de drogas e que protegem os moradores das comunidades.

 

 

Sindicato de Jornalistas vai convocar conferência

 

Aziz Filho, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, pede à sociedade que se solidarize com os profissionais envolvidos. Para ele, o fato será para as milícias o que a bomba do Riocentro foi para a ditadura: "Vai ser uma bomba que vai estourar no colo deles e desmoralizar as milícias. Se usam de tamanha truculência com jornalistas, imagina o que fazem com pessoas humildes que moram na comunidade e não seguem as leis locais. A única solução é o estado garantir a segurança da sociedade".

 

Aziz anunciou que o sindicato convocará uma conferência para os profissionais de comunicação. Ele observa que um caso deste de infiltração requer meses, ou até anos, de treinamento no mundo todo. Para Aziz, nenhuma matéria ou prêmio jornalístico vale arriscar vidas, mas ressalta que ainda não sabe que tipo de medida de segurança foi adotada pelo jornal.

 

O presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, tem opinião semelhante a de Aziz. Ele afirma que o caso prova que as milícias são grupos formados por bandidos que cometem crimes e não têm o objetivo de ajudar às comunidades: "O que preocupa mais é a possibilidade de haver policiais envolvidos nesse banditismo".

 

É de se exigir que a Secretaria de Segurança e o governador venham a público esclarecer isso. É mais um caso que mostra o fracasso da política de segurança pública no Rio, que não enfrenta os focos de corrupção na polícia.

 

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Maurício Azêdo, definiu a tortura à equipe de reportagem como um episódio "infelizmente previsível".

 

"Como estes grupos criminosos agem de uma forma encoberta, há um apelo à repressão sempre que os meios de comunicação procuram esclarecer como funciona o mundo do crime", pondera.

 

"Recebi a notícia com grande desconforto e preocupação".

 

Os jornalistas se arriscam para satisfazer as necessidades de informação da sociedade.

 

A equipe torturada cumpriu com coragem e firmeza a sua obrigação de informar.

 

 

Alerj vai acompanhar as investigações da Draco

 

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, o deputado estadual Alessandro Molon (PT) pretende procurar esta semana o titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco), Cláudio Ferraz, responsável por diversas investigações sobre milícias:"O caso é gravíssimo e merece uma reação dura e enérgica do estado. Os responsáveis devem ser encontrados rapidamente . Vou procurar o delegado da Draco para saber das medidas que estão sendo tomadas. A comissão vai acompanhar as investigações".

 

O sindicato dos jornalistas, a OAB/RJ e a ABI pretendem procurar a Secretaria de Segurança para acompanhar as investigações sobre o caso.

 

"Se usam tamanha truculência com jornalistas, imagina o que fazem com quem mora na comunidade", afirmou o Secretário-geral do Sindicato de Jornalistas do Rio, Aziz Filho.

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