14/08/2023 - 11:01 | última atualização em 14/08/2023 - 12:48

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OABRJ aborda desafios e superações de jovens autistas na tentativa de ingressar no mercado de trabalho

No encontro, convidados prestaram depoimentos sobre conquistas e a luta pela inclusão social

Biah Santiago



A Comissão dos Direitos dos Autistas e seus Familiares (Cdaf) da OABRJ realizou na manhã de sexta-feira, dia 11, data em que se comemorou o Dia da Advocacia, evento para abordar os desafios e superações dos jovens autistas e a busca de oportunidades no mercado de trabalho para pessoas com deficiência, sejam elas visíveis, raras ou ocultas.

Para assistir ao encontro na íntegra, basta acessar o canal da Seccional no YouTube

Presidente do grupo, Anna Carolina Dunna Correa foi a responsável pela gestão do evento. Ao seu lado, também integraram a mesa a coordenadora de treinamento da Specialisterne Brasil, Juliana Fungaro; o advogado representante da Hidden Disabilities (HD) Sunflower, Alexandre Magalhães; a psicopedagoga idealizadora do projeto Sorrindo, Flavia Fabres; o arquiteto Marcelo Costa Corrêa; a presidente da Comissão dos Direitos dos Autistas e seus Familiares da OAB/Niterói, Renata Esteves; e o internacionalista e autista, Adriano Cysne Gómez.

O marco na alteração do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 14.624/2023), que incluiu o uso do cordão de fita com desenhos de girassóis para a identificação de pessoas com deficiência ocultas, foi tratado por Alexandre Magalhães em sua exposição.

“O cordão de girassol foi criado em 2016 pela HD Sunflower e desde então a empresa vem trabalhando pelo mundo para que seja um instrumento de acolhimento em todos os lugares públicos aqui ou pelo mundo”, explicou o advogado.


“Quando vemos o autismo sendo pauta de uma comissão da OABRJ, só temos a agradecer. A nossa pretensão é amplificar o conhecimento da população sobre as deficiências ocultas, dar visibilidade às invisibilidades. A ferramenta não substitui os documentos oficiais, e não concorre com o cordão do autismo, mas que seja algo para dar prioridade às pessoas que precisam ser vistas”.



Aos 23 anos, o jovem Adriano Gómez falou sobre quando recebeu o diagnóstico de autismo, aos 6 anos de idade. Desde então, conta com o apoio familiar e psicológico para lidar com as questões que envolvem o espectro.

“Sempre tive dificuldades de socialização, quase não tinha amigos e durante toda a minha vida escolar foi assim. Ainda sofro um pouco com a timidez, mas na faculdade isso melhorou e aumentou meu círculo de amigos”, disse o internacionalista.

“Em 2023, conheci o projeto Sorrindo e esse grupo me ajuda a desenvolver minhas habilidades sociais e me preparar para o mercado de trabalho, já que a empregabilidade acaba sendo mais difícil para quem é autista”.

Depoimentos de jovens autistas sobre caminhos trilhados até a conquista pelo espaço profissional preencheram o Plenário Evandro Lins e Silva. As falas foram do estudante Luís Henrique Pedrosa; do ator e tecladista Christian Schmitt; do consultor em TI da Specialisterne Brasil Marcelo da Silva Barroso; e da jornalista Maria Isabel Souza.

Ao final de sua fala, que emocionou o público do evento, Maria Isabel declarou: “Hoje sou jornalista, escritora, ilustradora, fluminense e mais um monte de coisas, pois agora sei que posso ser tudo o que eu quiser”.

Projetos e medidas que visam a inclusão de pessoas no transtorno do espectro autista (TEA) e se enquadram em outros diagnósticos na neurodiversidade, nortearam as apresentações dos convidados. 

Outros temas também foram apresentados, por exemplo, a garantia de direitos aos autistas, bem como de seus familiares ou responsáveis; e a neuroarquitetura, que impacta os neurodivergentes, como os autistas, e busca proporcionar espaços adaptados às suas necessidades sensoriais e cognitivas. 

Antes de encerrar o encontro, a presidente da Cdaf, Anna Carolina Dunna fez a leitura de moção de honra aos jovens autistas que participaram do evento.


“Com coragem e determinação, vocês compartilharam suas experiências, desafios e vitórias, trazendo luz às batalhas que enfrentam ao crescer. Através das palavras, mostraram para o mundo suas habilidades e fragilidades inspirando a todos nós. A advocacia se orgulha em ter cada um de vocês como exemplos de superação e inclusão, na construção de um mundo melhor, justo e diverso”, declarou.

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