22/01/2010 - 16:06

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Mudanças à vista na 1ª instância

Mudanças à vista na 1ª instância

 

 

Do Jornal do Commercio

 

22/01/2010 - O presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Janeiro (TJ-RJ), desembargador Luiz Zveiter, anunciou mudanças na primeira instância do Judiciário fluminense. A principal delas envolve a redução do número de cartórios judiciais, que são responsáveis pela tramitação dos processos das varas que compõem a Corte. A ideia é criar uma grande serventia, que atenda a até cinco juízos com a mesma especialidade - ou seja, que atuem na mesma área, qual seja cível, criminal, empresarial ou outra. A avaliação de Zveiter é de que isso trará mais agilidade à prestação jurisdicional.

 

Cada vara hoje tem uma secretaria, com o responsável pelo expediente. A vara ao lado tem a mesma estrutura, assim como a outra mais próxima. Então, vou implantar um projeto piloto em São Gonçalo, em que haverá uma grande secretaria que irá processar todas as ações de cinco ou seis varas, a ser administrada por um responsável e o juiz coordenador, explicou.

 

Zveiter comentou que o cartório judicial terá um magistrado como coordenador, mas os das demais áreas poderão substituí-lo em casos de férias ou licenças. Segundo o presidente do TJ-RJ, essa medida trará maior racionalidade à prestação do serviço jurisdicional. Tem que haver metodologia de processamento. Com essa mudança, vamos precisar de um número menor de servidores, com uma atuação maior dos juízes, afirmou.

 

A primeira instância é a cara do Judiciário. Acho que o que falta no Poder Judiciário brasileiro é gestão. Você não pode pedir que o juiz seja a pessoa que vá administrar a organização do cartório. Ele tem que cuidar do lado intelectual, da sentença, de fazer as audiências. Tem que haver um gestor, e você tem que capacitar esse gestor, explicou.

 

A mudança proposta pelo desembargador integra projeto que visa a restruturação da primeira instância do Rio de Janeiro. Zveiter explicou que a meta, até o fim de seu mandato, é informatizar a Justiça fluminense. Nossa principal meta é a virtualização, afirmou o presidente do TJ-RJ. Com isso, reduziremos o número de funcionários e daremos maior celeridade às decisões, acrescentou.

 

vep virtual. Nesse sentido, ele destacou a inauguração, na última segunda-feira, da Vara de Execuções Penais Virtual no Fórum Central e, em dezembro último, da 8ª Vara Cível da Comarca de São Gonçalo - a primeira virtual do município. Não preciso de mais juízes ou servidores. Preciso de gestão. No processo virtual, é mais fácil. Quando entra a petição eletrônica, já se despacha e a intimação é automática, comentou Zveiter.

 

Para o desembargador, as mudanças que propõe são importantes. Segundo ele, no entanto, são imprescindíveis alterações também no sistema processual. Nesse sentido, Zveiter destacou a reforma do Código de Processo Civil, cujo projeto está sendo elaborado por uma comissão instituída pelo Senado, presidida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luiz Fux. Paralelamente a isso, a reforma que o ministro Fux está liderando também agilizará a questão do encurtamento dos prazos, ao retirar alguns recursos desnecessários, meramente proscrastinatórios, destacou.

 

O TJ-RJ recebeu, no ano passado, 1.955.493 novas ações na primeira instância. No mesmo período, julgou 1.776.462. No ano anterior, foram prolatadas 1.167.985 sentenças. O aumento na produtividade foi grande entre um ano e outro. Em 2008, o percentual entre o número de processos distribuídos e de sentenças proferidas foi de 50,36%; em 2009, esse número subiu para 90,84%, representando uma diferença de 40,48% na produtividade.

 

Os juizados especiais cíveis e criminais foram responsáveis por praticamente 32% dos novos processos recebidos em 2009. A segunda instância, por sua vez, recebeu 158.817 e julgou 164.745 ações no mesmo período. Somente o Protocolo Geral do TJ-RJ recebeu, no ano passado, uma média de 13.821 petições diariamente, sendo que nas segundas-feiras e após os feriados esse número sobe para mais de 18 mil. No Fórum Central circulam, em média, de 30 mil a 35 mil pessoas por dia. Segundo última estimativa divulgada pelo TJ, tramitam atualmente na Justiça estadual 7.977.089 processos.

 

A ideia de reformular a primeira instância coincidiu com pleito da categoria. O presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), desembargador Antonio César Rocha Antunes de Siqueira, afirmou na terça-feira, dia em que foi empossado no cargo, que irá intermediar os interesses da base da categoria diante da iniciativa do presidente do TJ-RJ em reestruturar o primeiro grau de jurisdição.

 

 

Projeto

 

Siqueira explicou que a Amaerj elaborou um projeto de reforma da primeira instância da Justiça e que agora irá discuti-lo com a classe. É necessário que os juízes sejam ouvidos na formulação de políticas de estruturação do Poder Judiciário, defendeu o novo presidente da associação de juízes.

 

Zveiter está de acordo quanto à necessidade de se reformular as condições de trabalho no primeiro grau. Desde o início de sua gestão, em fevereiro do ano passado, o desembargador pôs em prática uma série de mudanças que poderão alterar profundamente a estrutura dessa instância.

 

Entre elas destaca-se a construção da Lâmina 4, ao lado das outras três que compõem o Fórum Central, para abrigar 10 câmaras criminais, o gabinete dos desembargadores titulares que atuam nelas, a 2ª vice-presidência e trinta e cinco gabinetes para os desembargadores itinerantes. Também está em construção a Lâmina 5 - um Prédio Inteligente com estrutura moderna na área de Tecnologia da Informação. O custo da construção desses dois novos prédios será de R$ 78 milhões. A inauguração de ambos está prevista para o dia 30 de julho.

 

Além disso, está prevista também a construção da Lâmina Central, em cima de onde funciona atualmente a Escola de Administração Judiciária, na parte central da edificação, que inclui as Lâminas 1 e 2. O novo edifício irá acomodar a sala de sessão do Tribunal Pleno, que terá capacidade para 780 pessoas, além de quatro salões para os tribunais do júri e mais dois andares com 2.098 m² cada, que servirão para ajudar na realocação das serventias. A obra custará R$ 100 milhões e a expectativa é de que pelo menos o plenário seja inaugurado no fim deste ano.

 

Com a criação desses edifícios, a primeira instância ganhará mais espaço. Temos serventias dentro do fórum com a menor condição de salubridade. Vamos, então, remodelar. Toda a parte criminal será realocada na Lâmina 4. Então, ficaremos com toda essa parte para o primeiro grau e poderemos dar mais condições ao desenvolvimento da atividade. Somos prestadores de serviço, afirmou Zveiter.

 

A cara do Judiciário é o primeiro grau. Então, não adianta ter boa estrutura no segundo grau se quem tem o contato com o cidadão, no dia-a-dia, é o juiz de primeira instância. É preciso dar instrumentos para que ele desenvolva bem a sua atividade. Estamos investindo agora na área de tecnologia, com a compra de novos computadores de última geração e a ampliação de nosso parque tecnológico. Vamos, depois, reordenar todo o espaço físico, acrescentou.

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