07/03/2017 - 09:30 | última atualização em 07/03/2017 - 09:31

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MP vai investigar obra do metrô parada na Gávea

jornal O Globo

A 4º Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital, do Ministério Público, instaurou ontem inquérito civil para apurar possíveis irregularidades no uso de recursos públicos nas obras da Estação Gávea, da Linha 4 do metrô. O processo foi aberto após O Globo revelar, no domingo, com exclusividade, que, mesmo fora de atividade, o tatuzão e os canteiros de obras da estação já consumiram R$ 34,2 milhões de recursos do estado, segundo cálculos feitos com base no contrato de concessão da Linha 4.
 
A promotoria disse que a investigação tem caráter de urgência e deu um prazo de dez dias para que a Secretaria estadual de Transportes preste os esclarecimentos necessários. Também oficiou a Riotrilhos, a concessionária Rio Barra e o consórcio Linha 4 Sul para que enviem documentos sobre a construção, o custo de manutenção e a paralisação da obra na Gávea.
 
Pagamentos suspensos
 
A reportagem do O Globo revelou que o tatuzão consome, por mês, R$ 2,9 milhões, segundo o contrato de concessão da Linha 4. Os valores são reajustados a cada ano. O equipamento, estacionado desde abril do ano passado em uma caverna sob a Rua Igarapava, no Alto Leblon, já custou R$ 29,2 milhões ao estado. Já os dois canteiros na Gávea custam R$ 222.968,57 por mês. Tiveram suas obras interrompidas em março de 2015, consumindo R$ 5 milhões em recursos públicos até o momento.
 
Os pagamentos realizados pelo governo do estado ao consórcio responsável pelas obras, o Rio Barra - formado por Odebrecht, Queiroz Galvão e Carioca Engenharia foram suspensos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), no fim do ano passado. O tribunal encontrou indícios de superfaturamento e sobrepreços que podem chegar a R$ 2,3 bilhões. Segundo o TCE, o processo se encontra em fase de defesa.
 
O primeiro canteiro foi instalado em janeiro de 2012 num antigo campo de futebol da PUC, perto da Travessa Madre Jacinta. Ali, foi construído um túnel de serviço, que hoje pode ser usado para se chegar ao tatuzão. O GLOBO visitou o local no mês passado e constatou que os portões estavam abertos, sem qualquer vigia na guarita, o que deixava o acesso vulnerável à entrada de qualquer pessoa. Um operário, que pediu para não ser identificado, contou que é preciso bombear água quase todos os dias para o túnel não ficar alagado.
 
O outro canteiro foi instalado em uma parte do terreno onde funcionava o estacionamento da universidade. Dois buracos enormes foram abertos: no local, começaram as escavações para dar forma à estação, que, de acordo com o projeto do estado, podería receber até 19 mil passageiros por dia. Inicialmente, teria dois níveis, mas o desenho foi modificado e passou a prever duas plataformas na mesma altura: uma para ser usada pela Linha 4 e a outra para futuras ligações metroviárias. A estação foi projetada para ser a mais profunda do Rio, ficando 55 metros abaixo do nível do solo - seria a primeira do sistema a ter acesso feito prioritariamente por elevadores.
 
O que já está pronto é um túnel subterrâneo que liga o bairro a São Conrado. Falta o tatuzão escavar 1,2Km Leblon à Gávea e concluir a estação - somente 42% das escavações foram executados, segundo o estado. A obra seria inaugurada para os Jogos, em dezembro de 2015, mas foi adiada para janeiro de 2018.
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