23/03/2023 - 16:57 | última atualização em 23/03/2023 - 18:50

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Mônica Alexandre é homenageada com Medalha Esperança Garcia

No mesmo evento, Seccional concedeu comenda Myrthes Campos a fundadoras da OAB Mulher RJ

Biah Santiago





A secretária-adjunta da Seccional e presidente da Associação Carioca dos Advogados Trabalhistas (Acat), Mônica Alexandre Santos, foi homenageada na noite de quarta-feira, dia 22, com a outorga da Medalha Esperança Garcia – mulher preta escravizada, reconhecida pelo Conselho Federal como a primeira advogada do Brasil. A honraria é concedida pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) a mulheres advogadas que possuem destacada luta em favor dos direitos humanos, do gênero e da raça. 

Na mesma ocasião, a OABRJ concedeu a comenda Myrthes Campos – primeira mulher a exercer a advocacia no Brasil - às advogadas Gloria Marcia Percinoto, Leila Linhares e Ana Muller, precursoras e líderes nos anos iniciais da Comissão OAB Mulher da Seccional.

A solenidade, realizada no plenário histórico da sede do IAB, foi comandada pela 2ª vice-presidente do Instituto, Adriana Brasil – que representou o presidente Sydney Sanches - e pelo secretário-geral, Jorge Folena. Compuseram a mesa do evento o presidente da OABRJ, Luciano Bandeira; a membro honorária vitalícia do IAB e presidente da Academia Carioca de Direito (ACD), Rita Cortez; e a presidente da Comissão OAB Mulher RJ, Flávia Ribeiro.

“Em uma ação conjunta da Ordem com o IAB, entregamos essas medalhas a mulheres tão fortes na advocacia. Uma das agraciadas com a comenda é a nossa diretora da Seccional, Mônica Alexandre, que dispõe de uma história incrível na advocacia trabalhista, militante de foro e na luta diária pela garantia de direitos”, ponderou Luciano Bandeira.


“Mônica construiu uma trajetória que rompeu duas barreiras fundamentais em nosso país: ser uma mulher em cargo de poder e a primeira advogada preta na Diretoria da OABRJ ao longo de toda história da Ordem. Ela está pavimentando uma estrada que será ocupada por mulheres advogadas pretas, com uma perspectiva de futuro não só para o povo preto, mas para toda sociedade brasileira. Atos como o de hoje, demonstram a vocação das entidades em campanhas antimachistas e antirracistas”.



A 2ª vice-presidente do IAB, Adriana Brasil, destacou que as outorgas são concedidas a mulheres pioneiras e líderes na advocacia fluminense.

“Esta homenagem feita pelo IAB é para mulheres que fizeram história, assim como a Mônica fez como primeira diretora preta a compor os quadros da Ordem”, disse Brasil. “Aqui estão exemplos de coragem, pessoas ligadas por um fim comum: os direitos humanos. Reconhecemos essas advogadas tão importantes para a classe, para que continuem em suas jornadas promovendo justiça, igualdade e inclusão”.

Em seu discurso, Mônica Alexandre agradeceu sua ancestralidade. Segundo ela, esta doutrina permeou o caminho construído ao longo de sua carreira na advocacia.

“Nunca imaginei estar neste lugar que ocupo hoje. Vejo várias pessoas pretas nesta casa de Montezuma [Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, fundador do IAB] e poder olhar o rosto de cada um de vocês que fazem parte da minha história e da minha vida é muito gratificante. Neste dia de grandes homenagens, saúdo aos que vieram antes de mim e as rainhas da advocacia aqui presentes, pois quando iniciei minha trajetória jurídica, todas já eram destacadas em suas áreas”, refletiu a secretária-adjunta da OABRJ. 


“Foi através do Direito, principalmente no campo trabalhista, que obtive diversas conquistas. Quero que outras mulheres tenham a plena certeza de que elas também podem. Felicito à Esperança Garcia, pois ser outorgada com esta medalha é uma questão de compromisso com a nossa profissão. O mundo ainda precisa reconhecer o papel das mulheres nas estruturas de poder e na sociedade e, mesmo sob circunstâncias hostis, Garcia nos fez perceber que as mulheres, sobretudo as pretas, nunca foram e nem serão passivas. Ela iniciou a luta pela paridade, constituída historicamente na Ordem na gestão de Luciano Bandeira.”



Mônica Alexandre expôs em sua fala a construção do Censo da OABRJ – levantamento que será feito pela entidade e terá recortes voltados a grupos minoritários, como negros, LGBTQIA+, jovens, idosos e pessoas com deficiência para construção de políticas - , iniciativa pioneira na Ordem. 

“O censo está sendo desenvolvido não apenas para quantificar as pessoas na Ordem, mas também para ampliar o espaço de grupos, em sua maioria, esquecidos pela sociedade”, declarou Alexandre. “Não descansaremos no propósito de tornar a Seccional cada vez mais igualitária. O estudo mudará as estruturas na advocacia e na esfera jurídica deste país”.

A cerimônia de outorga homenageou, também, outras colegas que engrandecem à advocacia. Receberam à insígnia Esperança Garcia pelo IAB: a secretária-adjunta do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da OABRJ e membro do Conselho Superior do IAB, Maria Adélia Campello; e a diretora de Representação Racial do Instituto, Edmée Cardoso.

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