Ministro da Justiça defende ocupação de favelas Do Valor Econômico 21/10/2009 - Os episódios recentes no Rio de Janeiro, onde 22 pessoas morreram no confronto entre traficantes e policiais militares na zona norte da capital fluminense, "são fruto de 30 anos de abandono das autoridades públicas", afirmou ontem o ministro da Justiça, Tarso Genro. De acordo com ele, este descaso propiciou a proliferação do crime organizado em diversos pontos da cidade. Para combater a situação, avalia o ministro, são necessárias duas medidas simultâneas: repressão e adoção de políticas públicas voltadas especialmente para a juventude. Genro não teme que os confrontos prejudiquem a imagem internacional do Brasil, menos de um mês após o Rio ter sido escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O ministro citou o caso de Londres, sede da Olimpíada de 2012, que, um dia após a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI), foi vítima de um atentado terrorista que matou 52 pessoas. "O COI sabia desta questão e nos escolheu com base naquilo que estamos fazendo para reprimir esta violência", acrescentou. O ministro da Justiça defendeu a continuidade da política de ocupação das comunidades por tropas policiais. Este tipo de ação já acontece em cinco pontos do Rio, entre eles o Morro Santa Marta, a Cidade de Deus e o Morro Chapéu Mangueira, no Leme. "Estas ocupações resumem a nossa política de segurança pública com cidadania", destacou o ministro, garantindo o repasse de R$ 100 milhões do Pronasci para o Rio. Genro também respondeu às críticas do secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, que reclamou que o governo federal não estava fazendo a parte dele no combate ao tráfico de drogas e de armas. Em conversa com líderes comunitários cariocas, Beltrame disse que "o Rio precisa que o governo federal assuma plenamente a responsabilidade legal de combate à droga. Se não assume, nós assumimos. Tudo bem. Vamos fazer. Estamos fazendo. Mas policia estadual é responsável por prevenção e investigação. Por encontrar e entregar o criminoso à Justiça. Tráfico de drogas é com a Polícia Federal". O ministro da Justiça assegurou que a Polícia Federal está intensificando as ações de combate ao tráfico. Segundo ele, a maior parte dos formandos da PF durante sua gestão está sendo enviada para a Amazônia e a para o policiamento das fronteiras brasileiras.