16/03/2012 - 13:07

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Mais de dois anos depois de acidente, Barcas S/A é advertida

jornal O Globo

Dois anos e sete meses depois de uma barca se chocar com a Estação Arariboia, em Niterói, a Agência Reguladora de Transportes (Agetransp) determinou ontem que a concessionária Barcas S/A apresente, no prazo de 30 dias, procedimento para garantir maior segurança aos usuários, principalmente durante as manobras, além de cronograma de treinamento para a reciclagem de toda a tripulação. Na manhã de ontem, uma embarcação que fazia a linha Paquetá-Praça Quinze apresentou um problema mecânico e foi retirada de operação.

A empresa também foi advertida pela agência reguladora por não ter identificado e sanado o problema que resultou no acidente de agosto de 2009, que não teve vítimas. O programa que for proposto pela Barcas S/A será analisado pela Agetransp para posterior implantação. Caso a concessionária descumpra a determinação, será multada em R$322.498,64.

A deliberação da Agetransp foi publicada ontem no Diário Oficial do estado, que também trouxe uma decisão em que a agência reguladora isentou a Barcas S/A de um acidente ocorrido em 2010. Na ocasião, um catamarã que chegava a Niterói se chocou com pedras na enseada do Gragoatá, deixando 16 pessoas feridas.

Concessionária diz que vai cumprir determinações

A Barcas S/A informou que as determinações da Agetransp serão cumpridas dentro do prazo estabelecido. Sobre o acidente que gerou a deliberação, a empresa informou que aconteceu com a embarcação vazia, não deixando vítimas. Ainda segundo a concessionária, na época do acidente a estrutura do muro atingido na estação Arariboia foi devidamente reformada, tendo sido efetuada a sua completa modernização. De acordo com a Barcas S/A, o problema identificado na embarcação foi reparado.

A determinação da Agetransp chega depois de uma sucessão de problemas com embarcações da concessionária. O mais recente aconteceu na manhã de ontem, quando a barca Itaipu foi retirada de operação após falha nos motores. A embarcação faria o trajeto Paquetá-Praça Quinze. Segundo a Barcas S/A, o problema teria sido causado por lixo flutuante na Baía de Guanabara. Para minimizar os atrasos, a empresa deslocou um catamarã para operar a linha.

Na última terça-feira, uma colisão entre dois catamarãs na Praça Quinze assustou passageiros. O acidente aconteceu quando uma embarcação que vinha de Charitas perdeu o controle e se chocou com outra que estava atracada para desembarque de passageiros. Não houve vítimas. Em novembro do ano passado, 65 pessoas ficaram feridas depois que o catamarã social Gávea 1 se chocou com um píer desativado ao lado da estação Praça Quinze.

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor e Trabalhador (Abradecont) entrou, ontem à tarde, com uma ação civil pública contra o reajuste tarifário que elevou o preço da passagem das barcas de R$2,80 para R$4,50 no último dia 3. Para a proposição da ação, foram recolhidas 30 mil assinaturas durante manifestações contrárias ao aumento nas estações do Rio e de Niterói.

Segundo o vice-presidente da Abradecont, Evilásio Souza, um dos argumentos da ação é que a concessionária Barcas S/A não apresentou todas as suas fontes de receita para o cálculo do reajuste de 60%. A ação será julgada pela 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio.

"O reajuste de 60% é absurdo. A Barcas S/A não apresentou a receita com a linha de Charitas, por exemplo, para dar a entender que está no vermelho. Pedimos uma liminar para que a tarifa volte a ser R$2,80 ou tenha apenas aumento de 6%, mesmo índice do reajuste do salário mínimo", diz Souza.
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