01/10/2020 - 11:52 | última atualização em 02/10/2020 - 13:58

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Isolamento é a palavra que ressoa neste Dia Mundial do Idoso

Presidente da comissão temática da OABRJ fala sobre a data em ano marcado pela pandemia do coronavírus

Cássia Bittar

Nesta quinta-feira, dia 1º de outubro, os cidadãos por todo o mundo com 60 anos ou mais serão exaltados, lembrados, visibilizados. Isso porque, nesta data, em 1991, a Organização das Nações Unidas (ONU), instituiu o Dia Mundial do Idoso, ou Dia Internacional da Pessoa Idosa. 

Neste ano, porém, os mais de 28 milhões de brasileiros nesta faixa etária encontram mais um desafio, além de todos os outros que já se enfrentava até aqui. Em meio a uma pandemia na qual são destacados como o grupo mais vulnerável, o isolamento, palavra que salvou muitas vidas nos últimos meses, foi também um novo pesadelo. 

Isso porque, destaca a presidente da Comissão Especial de Atendimento à Pessoa Idosa, Fatima Henriete de Miranda, apesar de muito se falar em preservação da vida dos idosos diante do cenário de espalhamento do coronavírus, ao mesmo tempo eles foram deixados de lado, a seu ver, quando mais precisavam: 

“Nesse período da pandemia, que o idoso estava em isolamento social, muitas vezes até sem poder receber o carinho de seus filhos, netos, ou seja, com a saúde emocional comprometida, nesse momento em que o idoso precisava mais ser assistido, ele foi o mais excluído. O idoso não podia entrar em bancos por um tempo, tinha que fazer tudo no caixa eletrônico, muitas vezes sem saber. O idoso, que tem uma gratuidade no transporte público garantida por lei, teve um corte temporário desse direito. E no Judiciário não foi diferente”. 

Ela continua: “A casa da Justiça deveria ser o primeiro lugar a cumprir o Estatuto do Idoso, mas o que vemos no nosso dia a dia nos fóruns é que não há prioridade nos processamentos, não há prioridade no atendimento no Banco do Brasil e agora, na época da pandemia, também foi cortada por um período a prioridade na fila de entrada no Fórum”. 

Segundo Fátima, o Brasil, apesar de ter legislação específica para garantir os direitos dos idosos, sofre com a falta de execução da lei. “Eu venho de uma formação acadêmica que entende que leis são feitas para serem cumpridas. O que vejo é toda uma preocupação com o idoso referente ao mundo novo que vivemos, da tecnologia, muitos discursos bonitos, mas na prática, é bem diferente. Por isso acho que hoje, não temos nada a comemorar”. 

Atualmente, os idosos representam cerca de 13% da população do país, um percentual que tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção da População, divulgada em 2018 pelo IBGE. Por isso, o foco em políticas públicas de saúde, trabalho, assistência social, habitação e transporte, entre outras questões, é tão importante. 

“Não temos políticas públicas efetivas no país hoje para os idosos. Eles já estão isolados há um tempo, seja do trabalho, não conseguindo acompanhar a transição para o meio digital, seja dos familiares que não têm paciência por vezes, seja do olhar da sociedade”. 

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