29/08/2017 - 18:15 | última atualização em 30/08/2017 - 13:20

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Evento traz mulheres advogadas para tratar de temas atuais do Direito

redação da Tribuna do Advogado

Foto: Lula Aparício   |   Clique para ampliar
Em um cenário em que as mulheres representam mais do que a metade do quadro de advogados inscritos no Conselho Federal e ingressam cada vez mais na profissão, porém, ainda são a esmagadora minoria quando se fala em representação em sociedades, conselhos e cargos de poder em geral, a comissão OAB Mulher realizou na manhã desta terça-feira, dia 29, o primeiro evento em um modelo pensado justamente para dar voz a essas profissionais.

Reunindo somente mulheres para abordar temas atuais da prática da advocacia, o evento Com a palavra, a advogada buscou, segundo a presidente da comissão, Marisa Gaudio, seguir a proposta do grupo de empoderar as colegas do gênero feminino: “Ter somente mulheres e advogadas falando é simbólico pois queremos mostrar como temos mulheres a frente de tantas discussões importantes no campo do Direito. E isso inspira outras colegas”.

Em sua palestra, na última mesa do evento, sobre as conquistas e desafios das mulheres na advocacia, Marisa denunciou os padrões masculinos na profissão. Ela apresentou dados de um levantamento feito pela advogada Isabelle Glezer, da consultoria Impulso Beta, com alguns dos maiores escritórios do país em número de sócios. A pesquisa mostrou que na grande maioria dos casos há mais mulheres do que homens dentro do escritório, mas em média só 30% delas são sócias.

“Lidamos aqui com um fato histórico que é refletido até mesmo na roupa que usamos no nosso dia a dia profissional. Se pararmos para analisar, o terninho nada mais é do que uma imitação feminina do terno, uma forma de a mulher buscar respeito, pela vestimenta, com elementos masculinos. Isso também vale para o próprio comportamento. Na sociedade, a gente sente a necessidade de se parecer com um homem para impor respeito, aceitação, para que o que a gente fala seja ouvido”, observou a presidente da OAB Mulher.
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Ela citou exemplos de práticas de opressão de gênero em escritórios, para além da chamada segregação vertical, que é a dificuldade de mulheres em alcançar os postos de poder: “Há a ideia de que a mulher para conseguir de fato chegar a um lugar de sucesso profissional tem que ser excepcional, o que reforça o sentimento de inferioridade de muitas. E as interrupções constantes em reuniões, em que, constantemente, não temos voz, também fortalecem essa ideia de inferioridade, que podem provocar uma evasão da profissão”.

A mesma mesa contou com a presidente da OAB/Vassouras, Vivian Rocha, destacando o fato de que, das 63 subseções do estado, somente 10 têm presidentes mulheres. Trazendo exemplos de opressão, a membro da comissão OAB Mulher da OAB/RJ Rosa Maria Fonseca falou sobre a atuação da advogada nas instituições e a presidente da Comissão de Direito Previdenciário da Seccional Suzani Ferraro tratou dos desafios da atuação da mulher nos tribunais.
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Já o painel sobre as questões relacionadas à área da saúde, presidido pela presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente, Silvana do Monte Moreira, contou com a advogada transgênero Giowana Cambrone falando sobre o processo para a cirurgia de adequação de sexo para pessoas transexuais e o tratamento dos planos de saúde à questão. Tanto ela, que é membro da Comissão de Direito Homoafetivo da Seccional, quanto a presidente do grupo, Raquel Castro, mostraram a evolução legal do tema e as dificuldades ainda enfrentadas. A mesma mesa teve a presença da presidente da OAB/Nova Friburgo, Monica Bonin; e da presidente da OAB/Iguaba Grande, Margoth Cardoso, que falou sobre a jurisprudência em relação aos pacientes oncológicos.

O evento teve também painel abordando a resolução de conflitos no novo CPC, com a participação da presidente da OAB/Leopoldina, Talita Menezes, da presidente da Comissão de Mediação de Conflitos da OAB/RJ; Samantha Pelajo; e da presidente da Comissão de Práticas Colaborativas da OAB/RJ, Olivia Furst. A abertura contou com a presença do tesoureiro da Seccional e presidente da Comissão de Prerrogativas, Luciano Bandeira, representando a diretoria da casa.
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