28/07/2015 - 17:59 | última atualização em 03/08/2015 - 13:24

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Evento na Seccional lembra os 25 anos de luta das Mães de Acari

redação da Tribuna do Advogado

A emoção e o sentimento de revolta marcaram o evento que lembrou os 25 anos da Chacina de Acari, como ficou conhecido o sequestro e desaparecimento de onze jovens moradores da favela de Acari e regiões próximas, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Eles estavam em um sítio em Suruí, município de Magé, e foram levados por homens que se identificaram como policiais. Seus corpos nunca foram encontrados e as mães, que ficaram conhecidas como Mães de Acari, até hoje lutam por justiça. O inquérito foi encerrado por falta de provas em 2010, quando o episódio completou vinte anos. 

O ato foi organizado pela Comissão de Igualdade Racial (Cir) da OAB/RJ e contou com a participação de diversos movimentos contra a violência e da Anistia Internacional. O grupo musical Som de Preta abriu o evento com músicas e poesias que exaltam a vivência das mulheres negras das periferias. Em depoimentos emocionados, mães e irmãs de vítimas de violência, tanto as de Acari quanto em outras favelas do Rio de Janeiro, como Borel e Manguinhos, lembraram dos entes levados pela violência policial e do silêncio, recorrente em muitos casos, em que ninguém foi preso ou responsabilizado. 

As mães defenderam o fim da violência policial contra os jovens negros da periferia e falaram da dor de terem sido privadas de se despedirem dos filhos. Aline Leite tinha só sete anos quando a irmã desapareceu. Ela falou sobre a luta da já falecida mãe, Vera Lúcia, por notícias da filha mais velha. “Eu, que nunca tinha visto minha mãe chorar, a via chorando na televisão a cada pista que surgia sobre o caso. Não dá para descrever os anos de luta sem os socos que levamos”, relembrou. 

O presidente da Cir, Marcelo Dias, citou vários casos de assassinatos de jovens nas periferias do Brasil. “A história do nosso país é uma história de extermínio da juventude negra. É uma história de violência. São 30 mil jovens mortos por ano”, afirmou.

“Depois de Amarildo, outras 23 pessoas desapareceram na Rocinha”, afirmou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Seccional, Marcelo Chalréo, que integrou a mesa. Ele defendeu que, mesmo 25 anos depois, casos como o de Acari continuam a acontecer no Brasil e no Rio de Janeiro e ressaltou a importância da união em favor do fim da violência. “Precisamos marchar juntos para não permitir que situações como essa continuem acontecendo".
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