11/07/2022 - 16:49 | última atualização em 11/07/2022 - 17:25

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Evento na OABRJ discute participação feminina na política

Palestrantes destacaram desafios na luta de mulheres para ocupar espaços no cenário político nacional

Felipe Benjamin


O Plenário Evandro Lins e Silva, na sede da Seccional, foi palco do evento "A importância de mulheres na política como instrumento de garantia de direitos", organizado pela Comissão OAB Mulher e pelo Grupo de Trabalho Mulheres na Política, com apoio do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), que discutiram o papel das mulheres no cenário político. O comando da cerimônia ficou a cargo da presidente da OAB/Mulher, Flávia Ribeiro, e da coordenadora do GT, Paloma Oliveira.

"Esse é um debate que deve ser feito, principalmente em um ano como o de 2022, no qual as mulheres completam 90 anos da conquista do direito de votar e serem votadas", afirmou a desembargadora do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRERJ), Kátia Junqueira.

"Essa discussão é decorrente de algo maior: a subrepresentatividade feminina na política, que por sua vez, é decorrente da subrepresentatividade da mulher na sociedade. Sabemos que  o preconceito existente em 1932 não desapareceu, mas me pergunto se ele diminuiu tanto assim. Como conseguir que os direitos que estão expressos na Constituição sejam respeitados? Com uma maior participação feminina na política. E como dar essa voz à diversidade na política? Através da ações afirmativas, que são medidas temporárias para corrigir injustiças sociais históricas", enfatizou a desembargadora.

Co-fundadora da Tenda das Candidatas, ONG destinada a capacitar mulheres para campanhas eleitorais, a advogada e escritora Laura Astrolabio participou das duas mesas do evento e ressaltou a necessidade de eleger representantes de grupos minoritários, como negros e mulheres, mas também de impulsionar candidatos que defendam bandeiras associadas a esses mesmos grupos. 

"Enquanto não tivermos todos os grupos, sociais e raciais, devidamente representados, não teremos uma democracia. E há a hipótese de que nunca tenhamos vivido uma democracia neste país justamente por isso. Precisamos que os marginalizados estejam nos espaços nos quais saem as decisões que afetam diretamente as suas vidas. Existem várias teorias da representação, e uma delas é a da política de presença. Outra é a da defesa de bandeiras. Eu defendo a teoria que une as duas. Não dá para pensar que a presença é suficiente, porque há mulheres e negros que estão absolutamente dissociados das lutas de mulheres e negros".


A mesa de abertura contou com a presença  da vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basilio; da presidente da Caixa de Assistência da Advocacia do Estado do Rio de Janeiro (Caarj), Marisa Gaudio; da secretária-adjunta da Seccional, Mônica Alexandre; da diretora de Igualdade Racial da OABRJ, Ivone Caetano, e da ex-presidente do IAB, Rita Cortez. Na segunda formação, estiveram como palestrantes a vereadora Thaís Ferreira; a coordenadora do Projeto Moleque e suplente na Câmara municipal, Mônica Cunha, e a presidente do Grupo de Trabalho Mulheres Negras da OABRJ, Dianduala Ngudi.

"Não podemos mais aceitar que na matemática que calcula a razão de elegibilidade ainda estejamos nos piores índices", afirmou a vereadora. "A pior razão de elegibilidade que existe é de mulheres e, sobretudo, mulheres negras. Os piores cálculos eleitorais usam nossas trajetórias para se provarem. Na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, apenas seis mulheres negras foram eleitas como parlamentares até hoje. Não é possível que sigamos reféns dessas repetições de violências que têm tirado o potencial de tantas mulheres na política. Nossa construção política precisa ser coletiva. Se for baseada em um projeto pessoal de poder, não conseguiremos efetividade ou continuidade, e temos que ter essa responsabilidade. Isso não é negociável". 

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