26/06/2023 - 17:29 | última atualização em 27/06/2023 - 13:29

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Evento discute métodos de negociações complexas no setor de energia

Palestrantes também analisam transição energética

Yan Ney



Com o aumento da discussão sobre a transição para energias limpas, a Comissão de Infraestrutura e Desenvolvimento Econômico da OABRJ promoveu, no início desta segunda-feira, dia 26, evento para analisar os métodos de negociações complexas no setor energético. De acordo com a Reuters, o mercado brasileiro de energia renovável deverá dobrar de tamanho neste ano, alcançando até 50 milhões dos chamados “Certificado Internacional de Energia Renovável”, um selo de energia consumida que as empresas utilizam para “limpar” seu consumo de eletricidade.

Na mesa de abertura, o presidente da Comissão de Infraestrutura e Desenvolvimento Econômico da OABRJ, Guilherme Schmidt, destacou a importância do debate sobre energia renovável para diversos setores.


“Essa comissão desenvolve temas não só de relevância para o Estado, como de âmbito nacional. Atualmente, não podemos deixar de fora essa parte de energia, especialmente os desafios do gás, da energia limpa e a discussão tributária também”, avaliou.



Além do presidente do grupo realizador, a mesa contou com a presença dos advogados Giovani Loss, Leandro Duarte Alves e Paulo Valois.

A representante da Eneva, empresa de produção energética, Daniela Philbois, mediou o painel principal que recebeu representantes do setor de energia. As palestras foram organizadas em formato de blocos, com três temáticas, e a participação final dos presentes no plenário.

O primeiro tema abordado foi o modelo ideal para negociações. Para o advogado Diego Faleck, a parte mais importante de um acordo está fora da mesa, de modo que definir os objetivos, as premissas, o que se acredita para aquele negócio e a preparação para tal são os elementos mais importantes.

“O que não é boa prática? Começar com propostas. É muito ruim, porque você já se posiciona, se ancora e torna tudo mais difícil. O que se sugere como começo ideal é negociar a negociação. Ou seja, senta com o outro lado e verifica como vai ser o processo, o que vão discutir e em que ordem. Negocie o processo. E todo bom processo começa com troca de informações”, afirmou.

Mais tarde, quando perguntado sobre as habilidades que um negociador deve ter, Diego Faleck pontuou as habilidades analíticas, conhecimento multidisciplinar (como a teoria da negociação e mapeamento de probabilidade), autoconhecimento psicológico e habilidades de empatia. 

Representante da Shell, Eduardo Paiva Faria acrescentou que se antecipar para as mudanças e possuir capacidade de se adaptar são habilidades tão importantes quanto. Ele destacou o planejamento de decisões a longo prazo e saber lidar com mudanças no período do contrato, uma vez que o mundo vivenciou uma pandemia e observa guerra no continente europeu, algo que não se esperava anos atrás, quando alguns contratos foram firmados.

Para Eduardo Paiva Faria, um dos erros mais comuns que permeiam o modelo de negociação complexo é a falta de planejamento em alguma das partes.


“O erro mais comum e mais crítico é a falta de preparação e planejamento. Você negligenciar os erros das outras partes também é um problema, principalmente quando você tem poderes na negociação. A negociação nada mais é do que duas ou mais partes achando soluções para problemas, então se você costuma negligenciar a outra parte, fecha o espaço para soluções negociaveis”, opinou.



A representante da Petrobras, Ana Luisa Saboia de Freitas, abordou a contribuição da indústria de óleo e gás para a transição energética. De acordo com ela, a capacidade desse setor em lidar com riscos ajuda a adaptar as negociações e encontrar soluções.

“A indústria de oléo e gás está trabalhando em um cenário de alto risco, tanto de vidas, ambiental, comercial e geológico. Então esse ambiente de risco, de que está prestes a perder algo, é natural. A indústria do petróleo tem uma grande tradição de desenvolver soluções para isso, que acaba sendo usada em outras áreas”, observou.

Ana Luisa Saboia de Freitas concluiu que o futuro das negociações no setor energético está relacionado às novas tecnologias viáveis e possíveis que podem agregar valor aos novos modelos de acordos.

Ao final do evento, que foi transmitido na íntegra pelo YouTube (assista agora), a plateia pôde propor perguntas para os convidados. Dentre os temas abordados, o interesse da China em negociar os ativos brasileiros, a preparação acadêmica para novos advogados começarem a negociar e o padrão nos modelos de contrato.

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