A conversão da contabilidade brasileira para os padrões contábeis internacionais, ocorrida nos últimos anos, foi o mote do evento que a Comissão de Direito Empresarial (Code) da OAB/RJ realizou nesta segunda-feira, dia 16, reunindo especialistas tanto na matéria do direito quanto em contabilidade para tratar de forma interdisciplinar a questão. “Foi-se o tempo em que se dizia que o profissional de Direito não gostava de números, que isso era tratado de forma natural, ainda mais o profissional da área empresarial. Nós, advogados, temos que buscar cada vez mais nos integrar na área contábil. Alguns ainda têm medo do tema, e por isso se torna tão importante essa abordagem, a intenção da nossa comissão é tornar cada vez mais comum o diálogo entre as áreas”, observou o presidente da Code, Pedro Freitas Teixeira, na abertura do evento. O auditor Roberto Paulo Kenedi, coordenador do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), reforçou a colocação de Pedro, frisando a importância de se “diminuir a distância entre os universos”. Kenedi fez uma contextualização sobre a adoção do IFRS - do inglês International Financial Reporting Standards - no Brasil, explicando desde como se iniciou o interesse em criar um padrão de contabilidade único, nos anos 1970, até o começo do uso do IFRS no Brasil, em 2002, e sua consolidação no país, em 2007. “Saímos então de uma visão mais baseada em regras para uma visão mais baseada em princípios, que é característica das normas internacionais. Isso trouxe um desafio muito interessante para todos os agentes do mercado – para o contador, que elabora a demonstração contábil; para o auditor; para o regulador, que supervisiona; e para o usuário”, apontou o auditor, destacando a transparência do processo: “Na medida em que tenho um princípio, não uma regra, a divulgação passa a ter um papel absolutamente relevante, é preciso explicar as práticas adotadas em uma transação para que os usuários entendam como se deu”. Segundo ele, além da transparência, os maiores benefícios que a convergência ao IFRS trouxe foram o aumento da comparabilidade das demonstrações financeiras em cada mercado, a integração internacional do mercado de capitais, a disponibilidade de informações financeiras com mais qualidade e o aumento da eficiência da empresa. O evento teve explanações detalhadas sobre os padrões realizadas pelo advogado Paulo Cezar Aragão e pelo assessor da superintendência de normas contábeis da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Jorge Vieira. O membro da Code Henrique Beloch também participou dos debates. As palestras podem ser conferidas na íntegra na TV OAB.