A Comissão de Defesa do Consumidor debateu na terça-feira, dia 19, os aspectos jurídicos da mediação nos conflitos de consumo com palestra do desembargador da 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Cesar Felipe Cury. Na abertura do encontro, o presidente da comissão, Eduardo Biondi, disse que receber o magistrado era uma satisfação para a Ordem, levando em consideração que Cury está a frente de decisões que trazem evoluções jurisprudenciais e processuais para a advocacia. "Para nós é importante ter essa interlocução com o Judiciário justamente pra que o advogado possa compreender o novo cenário em que ele vai atuar. É um cenário que sai um pouco a figura do advogado combativo, do litígio, para um advogado com um pensamento mais consensual, de tentar ponderar soluções como partícipe efetivo dessa transformação", adiantou. Cury abordou a questão do conflito enquanto um problema na sociedade. "Vivemos em uma sociedade competitiva em que todos têm que ganhar. E, para um ganhar o outro tem que perder. Para ganhar, eu tenho que sair na frente e ter estratégia. Agora reproduzam isso em um processo judicial. O processo judicial é um procedimento em contraditório, por natureza ele é adversarial em que eu tenho que contrariar o outro. Trata-se, portanto, de uma competição", afirmou Segundo ele, essa relação de competitividade leva o ser humano a aguçar sentidos que naturalmente estariam adormecidos. "Quanto mais competitividade, mais aguçados são esses sentidos e, quanto mais aguçados, mais elementares. Da competititividade a gente passa para hostilidade, para a raiva, para processos que beiram a litigância de má fé", disse. Para ele, esse padrão de comportamento produz o esgarçamento das relações sociais. "Isso vai contribuindo para o agravamento da falta de coesão social. Eu olho o outro e, se ao indentificá-lo, ele não é igual a mim, eu hostilizo". Também participaram da mesa de debate os membros da comissão Vinicius Deserto Nascimento e Débora Batista Martins.