A impossibilidade de se pensar em políticas ambientais sem considerar os aspectos econômicos foi a lógica que guiou a palestra do analista ambiental Rogério Rocco no painel sobre desenvolvimento sustentável realizado na sede da OAB/RJ nesta quarta-feira, dia 20, no seminário Novos Direitos e Paradigmas, que faz parte da agenda oficial da Cúpula dos Povos. "Quem hoje detem os modos e meios de produção não admite abrir mão desses processos em nome de direitos coletivos, da humanidade, da diversidade biológica", disse Rocco. ____________________ 'Não há fórmula econômica que justifique o petróleo ser mais barato do que a água mineral', diz Rocco Segundo ele, o desenvolvimento da economia brasileira coloca o país em uma posição importante no mundo para pensar em políticas ambientais: "O país se enquadrou bem nos meios e modos da produção capitalista, mas ainda está muito longe de ter um modelo com o mínimo de equilíbrio até mesmo nesse próprio sistema”, afirmou. Como exemplo, o advogado citou a discrepância entre o preço da água e do petróleo - a primeira mais cara do que o segundo: "Não há fórmula econômica que justifique que o petróleo, que tem uma extração caríssima, seja mais barato do que a água mineral, a não ser a inclusão de marcas estrangeiras em nosso mercado". Rocco fez uma comparação entre a Rio+20 e a Eco-92, analisando o esvaziamento da conferência atual como "um reflexo da falta de interesse e compromisso com mudanças que de fato possam reverter os cenários atuais de crise ambiental". "Chegamos à parte final da Rio+20 confirmando as piores perspectivas e cenários. Vivemos uma crise de civilização que envolve aspectos econômicos e éticos. É um cenário torna difícil que identifiquemos até mesmo recomendações para algo mais positivo". O painel também contou com palestras do procurador João Akira Omoto, que falou sobre a inclusão social pela via dos direitos humanos e frisou a importância de uma autonomia para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e do mestre em Direito de Cidade Guilherme Cruz de Mendonça, que analisou a mercantilização da natureza pela política de desenvolvimento sustentável aplicada até agora.