16/09/2022 - 19:19

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Encontro na OABRJ debate papel das mulheres negras na sociedade

Evento "Afropresentes" contou com palestras e participações de nomes da Seccional

Felipe Benjamin


Realizado pelo Grupo de Trabalho Mulheres Negras da Comissão OAB Mulher da OABRJ, o evento "Afropresentes: uma autoafirmação sobre a presença de mulheres negras em todos os pilares sociais", debateu o papel das mulheres negras na sociedade e contou com a presença de nomes da Seccional e palestrantes de diferentes áreas.

"Falar da mulher como um pilar social não é novidade para ninguém", afirmou a presidente da OAB Mulher, Flávia Ribeiro.

"A OAB Mulher está aqui aberta a todos e todas. Falar das questões de gênero não pode ser mais uma conversa de mulher para mulher. Os homens devem estar investidos e comprometidos com essa causa, porque o mesmo acontece quando falamos da questão racial. Não adianta mais os negros falarem somente para os negros. Querendo ou não, quem ocupa os locais de privilégio são os homens brancos, então precisamos falar para todos e precisamos que os homens levem para os seus meios e para dentro de suas casas os discursos da igualdade de gênero e da igualdade racial para que tenhamos uma mudança substancial nesse país".


Compuseram a mesa de abertura, além de Flávia Ribeiro, a secretária-geral da OAB Mulher, Flávia Monteiro, e a diretora de Igualdade Racial da Seccional, Ivone Ferreira Caetano. A mediação do evento ficou a cargo da coordenadora do GT Mulheres Negras, Dianduala Nguidi.

Participaram da segunda mesa do evento a comunicadora digital Ritiele Dantas, a jornalista e presidente do Sindicato dos Modelos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (SindModel), Rogeria Cardeal Hta; o ator e modelo Alexandre Katito, a suplente na Câmara de Vereadores do Rio e co-fundadora do Movimento Moleque, Mônica Cunha, e o empresário do ramo da alfaiataria masculina, Antônio Lubanzádio.

"Vi aqui a Dra. Ivone falando sobre esperança e certeza e falo que não tenho esperança: tenho certeza", afirmou Katito.

"Nunca tive a oportunidade de sentar numa mesa como essa, com pessoas tão importantes e estou nervoso com a grande responsabilidade, mas depois de tudo o que nós - homens e mulheres pretos, nascidos e criados em comunidades - passamos em nossas vidas, sabemos o que podemos alcançar e sabemos que quando não nos damos as mãos, tudo fica mais distante.  Só tive uma oportunidade de fazer meu primeiro desfile quando ainda existia o Fashion Rio depois de anos passando por testes nos quais você via modelos brancos, louros, ou até negros com a pele mais clara e traços mais finos. Mas fui a todos os testes e depois de oito anos, fiz o meu primeiro desfile. Mas não estava satisfeito, porque era um negro desfilando e não via meus irmãos ali desfilando comigo. Fiz uma manifestação que chegou a repercutir até mesmo na BBC e a diretora do Fashion Rio foi afastada. Essa é uma batalha muito árdua, mas hoje temos muito mais negros na passarela e nas campanhas publicitárias. Essa é uma batalha que temos que continuar travando, vencendo e avançando".

A
o final da cerimônia, Dianduala destacou a necessidade de proteger mulheres negras que desafiam o status quo.

"Acho que está bastante evidente que não cabe somente a nós, a próxima geração, sedimentarmos ainda mais esse caminho que já foi trilhado como também proteger as mulheres que estão aqui expondo suas vidas", afirmou a mediadora. "É nossa obrigação proteger essas mulheres negras porque não precisamos de mártires, nem de mulheres mortas. Precisamos dessas potências vivas e é nosso dever fazer com que elas tenham suas vidas salvaguardadas para que continuem a chegar onde elas quiserem".

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