09/03/2023 - 16:38 | última atualização em 09/03/2023 - 17:20

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Encontro discutiu desafios da atuação feminina no âmbito militar

Palestras destacaram as experiências e os anos de luta das mulheres por espaço profissional

Biah Santiago





Em homenagem ao mês das mulheres, a Comissão de Direito Militar (CDM) da OABRJ realizou nesta quinta-feira, dia 9, na sede da Seccional, encontro com mulheres em atuação militar para discutir o papel e os desafios da atividade delas nesse campo profissional. 

Na abertura, a presidente do grupo, Alessandra Wanderley, destacou a unanimidade feminina compondo a mesa do evento. Ela ressaltou, também, o empenho da Ordem em dar voz a todas as mulheres, não apenas às advogadas, mas às que atuam em outras áreas.


“Agradeço à Ordem por proporcionar eventos como esse para enaltecer a vida e a carreira de grandes mulheres”, destacou Wanderley. “O objetivo deste evento é homenagear e trocar experiências, debater sobre os desafios tanto da vida castrense, quanto da jurídica e da advocacia”.



Para a vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basilio, o tema é “desafiador, relevante e ao mesmo tempo, diz respeito a uma atividade de grande relevância”.

“Sabemos que há dificuldades impostas à mulher, sobretudo no âmbito militar, e também na advocacia, Judiciário, magistratura e até na carreira pública, que no passado eram áreas predominantemente masculinas”, refletiu Basilio. 

“Tivemos um  inegável avanço na participação feminina em atividades que antes não eram permitidas às mulheres, e hoje, temos no campo militar grandes mulheres prestando um importantíssimo serviço ao país e à sociedade. Essa troca de vivências serve para encorajar novas profissionais a ingressarem nas forças armadas e auxiliar. Ontem (dia 8) recebemos parabéns pelo dia das mulheres, mas esse mês é muito mais de desafios a serem alcançados, como a igualdade de gênero que ainda não é uma realidade total no Brasil e em outros países”.

Ao lado de Wanderley e Basilio, compuseram a mesa a secretária-geral da CDM, Leila Leiva; a presidente da Comissão de Direito da Pessoa Idosa e integrante da CDM da OABRJ, Fátima Henriette; a advogada, Gisleine Santos; a brigadeiro médica da Força Aérea Brasileira (FAB), Carla Lyrio; a tenente-coronel da Brigada Militar do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), Rachel Lopes; e a promotora de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e auditora militar, Allana Poubel.

A segunda mesa foi composta pela capitã-tenente da Marinha do Brasil, Juliana Julião; e da 3º sargento do Exército Brasileiro, Gabriela Medeiros. 

As exposições retratam as experiências e os anos de luta das mulheres por espaço profissional na área militar. Entre os temas discutidos estiveram, por exemplo, a perspectiva de gênero; a atuação da advocacia em defesa dos profissionais militares; a importância da atividade e participação feminina dentro das forças armadas; apanhado histórico pela conquista de direitos igualitários nesta área; e machismo e assédio sexual contra mulheres.

“O meio militar e estadual é um recorte conservador da sociedade em que temos muita dificuldade para mulheres se posicionarem, independente do cargo que ocupam. As mulheres são somente 20% das forças armadas, ainda estamos chegando nesses espaços”, ponderou a promotora Allana Poubel. 


“O tratamento destinado às mulheres é diferente dos homens. A dificuldade melhorou, mas não mudou. Os ambientes ainda continuam majoritariamente masculinos, e infelizmente se quisermos um determinado respeito, temos que nos impor”, disse.



Segundo a capitã-tenente Juliana Julião, a fragilidade feminina é um tópico utilizado para descaracterizar o potencial da mulher dentro das forças armadas. Ela pontuou, também, a necessidade da instalação de creches próximas às bases militares para facilitar o cotidiano e a interação familiar da mulher.

“Estar aqui na OABRJ é muito importante para mim, já que consegui a autorização para representar a Força e levantar as questões que impedem o avanço da mulher dentro do meio militar”, considerou Julião. “Os nossos desafios são a quebra de paradigma para derrotar o estereótipo de padrão de gênero e iremos conquistar isso através de união, debates, informações e da busca por soluções”.

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