Em dias de jogos, 'Lei Seca' em torno do Maracanã Do jornal O Globo 24/01/2009 - Torcedores bebendo uma cerveja gelada na concentração em frente ao Bellini ou em bares dos arredores; ambulantes vendendo bebidas, bandeiras e adereços dos times e flanelinhas agindo na ruas próximas. Cenas comuns em dias de jogos no Maracanã serão proibidas a partir de amanhã, na partida Flamengo x Friburguense. De todas as medidas do choque de ordem no estádio, a ameaça à tradicional loura gelada causa polêmica. Às vésperas da abertura do Carioca, a prefeitura do Rio publicou o decreto 30.417 proibindo a venda e o consumo de bebida alcoólica no entorno do Maracanã no período entre duas horas antes e depois dos jogos. A medida imposta em 11 vias do local vai ser fiscalizada por policiais e guardas municipais. Comerciantes que desrespeitarem a lei serão multados e ambulantes terão a bebida apreendida. Quem estiver consumindo na área pode ser advertido. SindRio prevê queda de 20% no faturamento Os comerciantes não ficaram nada satisfeitos com a medida tomada. Sócio do Bar dos Esportes, junto ao portão 18 do Maracanã, Davidson Pontes espera que o prefeito volte atrás: - O caminho não é esse, as pessoas têm que beber com responsabilidade. Essa medida só atrapalha o nosso trabalho. Nós, comerciantes do entorno do Maracanã, dependemos dos jogos. Sem a venda de bebida alcoólica nos jogos, o movimento vai cair cerca de 60%. Ia encomendar 50 caixas de cerveja para o fim de semana e agora só vou pedir 15. O Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), no entanto, não entrará com medida alguma contra o decreto. Numa rápida sondagem com alguns estabelecimentos da área, o presidente do SindRio, Alexandre Sampaio, afirmou que o prejuízo deverá ficar em 20%. "É um sacrifício plausível a ser assumido. Entretanto, vamos ver como a prefeitura vai impor esse decreto. Não seremos os únicos a terem o ônus. Esperamos a repressão aos ambulantes. Se isso não acontecer, teremos que fazer alguma coisa", enfatizou. O prefeito Eduardo Paes defendeu a proibição como uma forma de evitar confusões na região causadas pela mistura entre consumo de álcool e aglomerações. "Queremos evitar aglomeração de pessoas bebendo no entorno do Maracanã, que é motivo de desordem constante naquela região. Ninguém quer impedir as pessoas de beber, o objetivo é diminuir os conflitos na área", explicou. A medida, que segue padrões da Fifa, valerá inicialmente apenas para o Maracanã, que será palco de jogos da Copa de 2014. Mas, dependendo dos resultados, a ação poderá ser replicada em outros estádios da cidade, como São Januário e Engenhão, que também abrigam jogos movimentados. Não é a primeira vez que um prefeito tenta proibir a venda de bebida alcoólica junto ao Maracanã. Em agosto de 1999, o prefeito Luiz Paulo Conde também baixou um decreto nos mesmos moldes. A motivação era a mesma: diminuir as confusões causadas por pessoas embriagadas.